Um tempo atrás, tive uma ótima semana. O sol brilhava na rua da mesma forma que meu sol interior. Fui produtiva. Escrevi artigos com ideias fluindo sem parar. Eu estava voando alto, exuberante. Estava encontrando pessoas, me conectando com elas que ficaram profundamente tocadas. Ao invés de ficar cansada ou esgotada, quanto mais eu fazia, mais energizada ficava. A vida estava sorrindo para mim. Cheguei até a receber um cheque em minha correspondência o qual já havia até desistido. A semana passou voando como uma nuvem, repleta de contentamento.

Mas como a semana passada foi tão diferente…

Meu trabalho parecia atrofiado. Minhas ideias desarticuladas. Eu me senti mal em relação a minha vida e com minhas realizações. Parecia haver uma nuvem cinza estacionada sobre a minha casa.

Não importa o que eu estivesse fazendo, me sentia inquieta, sem inspiração. Eu não conseguia encontrar meu equilíbrio, não importa o quanto eu relaxava ou o quanto eu trabalhava. Não conseguia encontrar soluções para minha confusão interior.

No supermercado ou nas ruas, as pessoas pareciam impacientes; meus amigos e família pareciam irritados. A notícia que lia relatava tragédia e tristeza, e as contas na minha mesa eram perturbadoras.

A vida não é assim? Certos dias estamos voando alto, em outros caimos em um poço… Em alguns dias é tão natural praticarmos coisas positivas; quanto mais fazemos, mais alto subimos em uma pista ascendente sempre aumentando em positividade. Outras vezes ficamos presos em uma espiral descendente de circunstâncias que nos roubam oportunidades, e antes de percebermos já estamos em uma rotina, esgotados de energia e iniciativa.

Essa semana na Parashá Vayicrá a Torá inicia com D’us chamando Moshê: chamou Moshe e falou-lhe o Eterno da tenda da assinação, dizendo: Fala aos filhos de Israel: Quando algum de vocês oferecer sacrifícios..."

Vayicrá, Levítico, nos ensina as leis dos sacrifícios. Interessante, as últimas letras da primeira palavra nesse livro—Vayicra, D’us chama Moshê—são escritas com um “alef” pequeno, o que é incomum. Um erro do escriba? O que isso quer nos dizer?

Há todos os tipos de "oferendas" que podemos dar a D'us: nossa energia e talentos, nossas disposições e pensamentos, nossas palavras e ações. Todos eles criam uma moradia agradável para D'us na terra.

Quando o mundo está sorrindo para nós, quando estamos nos sentindo "grandes" e produtivos, pode ser mais fácil nos sentirmos conectado a D'us. Mas como manter esse espírito positivo durante o trabalho pesado ou pequenez da vida, quando estamos nos sentindo insatisfeitos e sem inspiração?

Manter nossa conexão - encontrar a nossa "oferenda" - em tempos de dificuldades e inquietação continua sendo nosso maior desafio.

E é justamente nessas horas que mais precisamos nos lembrar: Vayicrá, D’us está nos chamando, e apesar de nos sentirmos tão pequenos e solitários, Ele está nos convidando a trazer nossas oferendas e dessa forma nos tornarmos mais próximos.