Pergunta:

Eu e minha família apreciamos muito ter participado da mesa de Shabat de vocês; agradeço novamente o convite.

Gostaria de lhe fazer uma pergunta que há muitos anos tem me intrigado. É sobre a reza. D’us possui um problema de ego para exigir que Suas criaturas rezem constantemente e mencionem o quanto Ele é grandioso? Sem falar ainda sobre todas as bênçãos que temos que pronunciar cada vez que comemos algo, usamos o banheiro, lavamos nossas mãos para comer pão, acendemos velas de Shabat…D’us é tão carente que deseja que O abençoemos a todo instante?

Resposta:

Adoramos ter sua maravilhosa família conosco. Você deve se orgulhar de todos eles. Mas algo me deixou bastante preocupado. Seus filhos se comportaram muito bem, mas fiquei intrigado com sua esposa. Cada vez que sua ela alcançava alguma coisa a um de seus filhos, um pedaço de frango, uma bebida ou um brinquedo, ela exigia que ele agradecesse. Ele a obedecia, e cada vez que ela lhe alcançava algo, ele em troca falava ‘obrigado’. Isso repetiu-se durante toda a refeição, ao menos uma dúzia de vezes.

Esta é uma questão preocupante. Sua esposa é tão insegura que precisa que seu filho reconheça seus favores a todo instante? É normal forçar alguém a agradecer até mesmo favores tão básicos como alcançar uma bebida para apenas satisfazer o próprio ego?

Acho que você já entendeu o ponto onde quero chegar…

Sua esposa estava sendo uma mãe exemplar, ensinando seus filhos uma lição valiosa sobre gratidão e humildade: quando você recebe algo, grande ou pequeno, você deve reconhecer o doador. O pedido de agradecimento não era para si mesma; era para seus filhos. Sua esposa não ganhava nada em troca do agradecimento de seus filhos, além do orgulho em vê-los desenvolver um bom carácter. Seus filhos estavam aprendendo uma preciosa lição.

Como um pai dedicado que deseja o melhor para seus filhos, D’us nos treina para agradecê-lO. Ele não precisa de nossa gratidão tanto quanto nós necessitamos agradecer a Ele. Porque tudo que temos, incluindo a própria vida, é um presente. Assim que esquecemos disso, e tão logo aceitamos os prazeres simples da vida como garantidos, deixamos de viver uma vida com sentido.

Pais que não conferem a característca de apreço a seus filhos, não apenas tornam a vida difícil para si próprios, mas privam de suas crianças uma ferramenta básica para a vida. Somente quando enxergamos tudo como uma dádiva divina poderemos nos sentir felizes com o que temos, e não miseráveis com o que não possuímos.

Portanto, devemos agradecer a D’us por tudo, até mesmo por pedir-nos para Lhe agradecer. A gratidão também é um presente.


Fontes:
Sidur, Modim de Rabanan. Veja Talmud, Tratado Sotá 40a. “Te agradecemos D;us, pelo fato de que nós Te agradecemos”’