Origem Histórica
Quando D'us outorgou a Torá à nação judaica sobre o Monte Sinai, foi dada junto com a Torá Oral. A Torá Oral compreende tradições e extrapolações sugeridas na versão registrada, a Bíblia, bem como outros elementos que não são encontrados na Torá Escrita. As tradições da Torá Oral foram transmitidas por Moshê a Yeoshua, e dali para os líderes e sábios de cada geração.
Quem lê a Torá pode ver que há certos versículos que são ininteligíveis por si mesmos - por exemplo, o mandamento de circuncidar a si mesmo, ou colocar tefilin sobre a mão e a cabeça, ou segurar as Quatro Espécies na Festa de Sucot. Não há como saber pelo texto o que exatamente devemos cortar quando realizamos uma circuncisão, nem há qualquer maneira de saber o que é o tefilin ou o que são as Quatro Espécies.
As especificacões para essas mitsvot estão numa categoria da Torá Oral conhecida como halachá le-Moshê mi-Sinai -“uma tradição oral voltando até Moshê, que a recebeu no Monte Sinai.” Isso significa que muitos detalhes dos tefilin, incluindo a cor preta das correias e o formato da caixa, são tradições que não foram deduzidas por lógica, ou até explicando os versículos da Torá.
Embora (segundo a maioria) isso se aplique apenas às correias/tiras, as caixas também devem ser pintadas de preto. Há uma explicação para que sejam desta forma?
Maimônides escreve que embora todos os estatutos da Torá sejam supra-racionais, é correto contemplá-los, e sempre que for possível prover uma explicação para esses decretos, deve-se fazê-lo. Com isso em mente, aqui estão algumas explicações encontradas nos ensinamentos da Cabalá.
Por que os tefilin são pintados?
Usamos duas caixas de tefilin. Uma caixa é colocada sobre a cabeça, a fonte do nosso intelecto, e a outra sobre o braço esquerdo, perto do coração, a fonte de nossas emoções e desejos. Assim, tefilin significam a submissão da mente, do coração e das ações ao Todo Poderoso, bem como o governo do intelecto sobre a emoção.
O terceiro Rebe, Rabi Menachem Mendel, conhecido como Tzemach Tzedek, explica que sob uma perspectiva cabalística os tefilin na verdade representam os atributos divinos - como bondade e severidade – que fluem a este mundo. Dentro das caixas de tefilin estão pergaminhos brancos, sem cor, que contêm as porções do Shemá. Isso representa a luz divina em sua fonte, antes mesmo de existir como “atributos” - branco puro, sem cor. É somente quando a luz divina começa a fluir para este mundo, por meio de um processo de ocultação e contração conhecido como tzimtzum, que ali aparecem os atributos divinos. Portanto, colorimos tefilin com tiras que fluem da cabeça passando pelo coração, simbolizando como esses atributos divinos são somente como a luz divina aparece após muitas ocultações. Mas em sua essência, é totalmente branco.
Mas por que preto?
Embora possamos ter explicado, sob uma perspectiva cabalística, por que os tefilin são coloridos, a pergunta permanece: por que a cor é preta?
Uma das principais coisas que fazemos ao colocar tefilin é recitar o Shemá, no qual proclamamos a unidade de D'us e como Ele é a essência de tudo. Não apenas isso, mas os próprios tefilin contêm a porção do Shemá.
À luz disso, o cabalista explica que o motivo para os tefilin serem coloridos de preto é porque ao contrário de todas as outras cores, “o preto não é receptivo a nenhuma outra cor,” pois quando você tem uma superfície preta (oposta a uma superfície branca), outras cores não aparecem sobre ele. Sob o ponto de manchas e pigmentos, o preto absorve toda a luz e não reflete nem se mistura com nenhuma cor de volta. É absoluto.
Essa propriedade singular da cor preta simboliza a unidade absoluta de D'us, unidade que não se presta a nenhum atributo adicional nem partes.
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