Yehoshua nasceu como Oséias ben Nun no Egito, da tribo de Efraim, no ano 2406 da criação (1355 a.C.); da mesma forma que Moshe, ele foi escondido no Rio Nilo após o nascimento para escapar do decreto do Faraó de que todos os meninos judeus recém-nascidos deveriam ser afogados no rio.

Durante quarenta anos, foi o fiel discípulo de Moshe "que não se afastava da [tenda de seu mestre]" (Shemot 33:11); Yehoshua portanto, representa o traço de devoção e compromisso, um dos cinco requisitos principais para a aquisição da sabedoria da Torá.

Em 1312, ele foi um dos doze espiões enviados por Moshe para explorar a Terra de Canaã em preparação para sua conquista pelos Filhos de Israel; foi então que Moshe acrescentou a letra yud ao nome de Oséias, mudando-o para "Yehoshua" ("D’us salvará") como uma prece que "D’us te salvará do complô dos Espiões."

Yehoshua foi um dos dois espiões que trouxe um relatório positivo e encorajador sobre a Terra Prometida e tentou contrariar os esforços dos outros dez espiões de desanimar o povo de entrar na terra.

Yehoshua sucedeu seu mestre como líder do povo de Israel após o período de 30 dias de luto pelo falecimento de Moshê, ocorrido no dia 7 de Nissan de 1273. Yehoshua recebeu a ordem Divina de preparar os Filhos de Israel para a travessia do Jordão. Sob sua liderança, eles atravessaram o Rio Jordão no dia 10 de Nissan daquele ano.

Antes de atravessar o Jordão, Yehoshua mandou um ultimato aos reis de Canaã, dando-lhes três opções: aqueles que desejassem desocupar a terra poderiam fazê-lo, e ele não os perseguiria; aqueles que quisessem permanecer e ficar em paz com Israel de modo a não colocar em perigo o modo de vida espiritual e religioso dos judeus, receberiam um acordo de paz; e finalmente, aqueles que desejassem a guerra, seriam enfrentados em nome de D'us, que tinha prometido a terra a Avraham e seus filhos para sempre. Das diferentes tribos que habitavam a Terra de Canaã naquele tempo, apenas uma escolheu viver pacificamente e uma outra pediu a paz. Os restantes 31 reinos prepararam-se para a guerra.

Os Espiões

Yehoshua escolheu dois homens corajosos e leais, Caleb e Pinechás, para cruzarem o Jordão e descobrir qual era o sentimento do povo do outro lado do rio quanto à guerra iminente.

Os espiões, disfarçados de ceramistas, cruzaram o Jordão e chegaram a Jerichó, a primeira cidade fortificada no outro lado do rio. Perto da muralha da cidade havia uma casa onde vivia uma mulher chamada Rahab. Era uma estalajadeira e uma mulher de renome, cuja estalagem os nobres de Jerichó freqüentemente se encontravam. O Rei de Jerichó soube da chegada dos dois espiões enviados por Yehoshua, e mandou dizer a Rahab para entregá-los aos seus soldados. Sendo uma mulher de caráter e honestidade, que considerava seu dever proteger seus hóspedes a todo custo, Rahab os escondeu entre os feixes de trigo sobre o telhado. Ela disse aos mensageiros do rei que dois estranhos tinham vindo à estalagem, mas se pareciam com vendedores de potes. Ninguém prestara atenção neles, e tinham saído antes que os muros da cidade fossem fechados.

Tendo se livrado dos mensageiros do rei, Rahab subiu ao telhado e disse a Caleb e Pinechás que todos os habitantes da terra estavam com medo dos Filhos de Israel, tendo ouvido falar da maneira miraculosa que eles tinham derrotado os poderosos reis de Sihon e Og.

"E assim que ouvimos isso, nosso coração derreteu, e não sobrou qualquer coragem em nenhum homem, por causa de vocês; pois o seu D'us é D'us no céu acima e na terra embaixo!" ela disse a eles com sinceridade.

Então Rahab implorou que assim como ela tinha salvado a vida deles, também a vida dela e dos membros de sua família deveriam ser salvas quando Jerichó caísse nas mãos dos Filhos de Israel como certamente ocorreria.

Os espiões prometeram a ela em juramento. Rahab os desceu por uma corda pela janela que dava vista para a planície de Jerichó fora das muralhas da cidade. Após ficarem escondidos durante três dias na estrada, os espiões chegaram ao acampamento de Israel em segurança e reportaram sua missão, que trouxe grande alegria a todos os Filhos de Israel.

A Travessia do Jordão

Em 10 de Nissan, os Filhos de Israel atravessaram o Jordão. Primeiro os sacerdotes, levando a Arca Sagrada, pisaram dentro do rio. O Jordão naquela época era profundo e caudaloso, mas assim que o pé dos sacerdotes tocou a água, está se dividiu e o rio ficou como uma muralha enorme, que ficava cada vez maior à medida que a água descia o rio. O leito do Jordão ficou seco e os Filhos de Israel o atravessaram em segurança. Quando o último judeu já estava na outra margem, os sacerdotes saíram também, e o Jordão retornou ao seu leito natural.

As Preces de Yehoshua em Guilgal

O local onde os judeus acamparam na margem ocidental do Jordão era chamado de Guilgal, e ali Yehoshua erigiu um monumento com doze pedras tiradas do leito do rio para celebrar o grande milagre da travessia. Ali ele erigiu também o Mishcan, que permaneceu no local durante os 14 anos da conquista e repartição da Terra de Israel.

Em 14 de Nissan eles ofereceram o sacrifício de Pessach pela primeira vez em solo da Terra Prometida, e a 16 de Nissan levaram a oferenda do Ômer, e depois comeram da produção da terra. (O maná tinha parado de cair no dia da morte de Moshê, 7 de Adar, mas a última porção durou até 16 de Nissan).

Aqui em Guilgal um anjo de D'us apareceu perante Yehoshua levando uma mensagem de alegria e coragem, mas ao mesmo tempo repreendeu-o por ter negligenciado o estudo de Torá durante o cerco de Jerichó. Mesmo quando um judeu está em viagem, ou a caminho da guerra, ele deve sempre usar cada minuto livre para rezar a D'us e para o estudo de Torá. Yehoshua caiu ao solo e rezou, e imediatamente fez um chamado ao povo para estudarem Torá com mais empenho.

E em todo dia de jejum, quando recitamos Selichot e rezamos pedindo a D'us Seu perdão e misericórdia, mencionamos aquela ocasião solene em Guilgal quando as preces de Yehoshua foram aceitas, rezando: "Aquele que respondeu a Yehoshua em Guilgal nos responda…"

Durante sete anos, Yehoshua liderou o povo em batalhas, derrotando 31 reis e conquistando suas cidades e territórios, que compreendiam a maior parte da terra a oeste do Jordão (Moshe havia conquistado as terras na margem oriental antes de seu falecimento). Durante os sete anos seguintes, Yehoshua supervisionou o processo de divisão da terra entre as 12 tribos de Israel e alocou uma porção a cada família.

A Despedida de Yehoshua

Quando Yehoshua sentiu que sua tarefa estava completa, e ele estava para se separar do seu amado povo, ele reuniu ao redor de si os Anciãos de Israel, o Sanhedrin e os chefes de cada tribo, deu-lhes um último conselho e instruções sobre a liderança de Israel, que eles deveriam assumir depois dele.

Então convocou uma grande assembleia nacional em Shechem para despedir-se do seu amado povo. Relatou a eles toda a história de Israel desde os dias de Avraham, insistindo para que permanecessem firmes na sua aliança com D'us e com a Torá. Estas foram algumas de suas palavras finais: "Escolham neste dia a quem vocês servirão; quanto a mim e minha casa, serviremos a D'us."

E todas as pessoas responderam sem hesitar: "D'us não permita que esqueçamos de D'us! Permaneceremos fiéis para sempre ao nosso D'us e à Torá!"

Então Yehoshua fez um pacto com o povo, e colocou uma pedra enorme como um monumento e testemunha da firme determinação dos judeus de servirem a D'us e observarem a Torá e os mandamentos.

Yehoshua faleceu aos 110 anos de idade, no ano 2516 (1245 BCE), no dia 25 de Nissan. Ele foi enterrado em sua propriedade em Timnath-Serach, no Monte Efraim.

Além de seu papel como líder e guerreiro, Yehoshua foi o segundo elo na cadeia de transmissão da Torá, recebendo-a de Moshe e transmitindo-a aos shofetim, Juízes, que o sucederam.