Pergunta:
Como é possível falar em “alma judia”? Como é possível rotular, colocar almas em caixinhas? Acho que, num certo ponto, a pergunta que todo ser humano se faz: ‘Quem sou eu?’ acaba levando à constatação que não existem atributos. Para mim, essa é a essência da espiritualidade: existe uma transcendência que podemos experimentar que vai além do Judaísmo, ou Cristianismo, ou Islamismo, Budismo e até mesmo ateísmo. Não é um absurdo pensar que uma alma tenha atributos como: essa é judia, essa é branca, aquela é indígena, etc.?
Gary
Resposta:
Caro Gary,
A ideia que almas são iguais é um dos maiores erros da espiritualidade moderna. Estamos tão acostumados a pensar que definições criam barreiras e barreiras criam ódio que então nos convencemos que ser espiritualizado implica em não ter fronteiras. Do ponto de vista Cabalistico, isso foge completamente da noção real de existência.
Antes da criação, D’us tinha unidade. D’us era tudo o que existia; não existiam fronteiras, definições ou distinções. Se D’us quisesse uma unidade inquestionável, ele já tinha isso. Ele não teria criado o mundo.
A Criação foi um ato de execução de fronteiras. Da unidade veio a multiplicidade. Nosso mundo é um mundo de divisões: corpo e alma, homem e mulher; assim como divisões de nações, famílias e indivíduos.
Por que D’us criou a multiplicidade? Será que isso não vai contra a Unidade e Unicidade de D’us? Não, não vai. Porque a unidade mais profunda é a unidade encontrada dentro da diversidade.
Se todos nós fossemos iguais, então a unidade não seria uma grande coisa. Então D’us nos deu a todos almas particulares e específicas, cada uma com suas características únicas e diversas. Quando cada indivíduo, enquanto indivíduo, e cada nação, de cada cultura e perspectiva própria, reconhecem o mesmo D’us, essa é a verdadeira unidade.
Em outras palavras, uma unidade que é desafiada pela diversidade e mesmo assim emerge dessa mesma diversidade é uma unidade invencível. Isso é algo que D’us “não poderia” ter sem um mundo como o nosso.
Dissipar as fronteiras entre as nações, gêneros e indivíduos significa evitar encarar o desafio que se encontra no próprio propósito da Criação – encontrar a unidade nas nossas diferenças.
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