Recentemente uma menina de 12 anos na Flórida se suicidou porque era intimidada incessantemente pelos seus colegas de classe. Mesmo depois que mudou de escola, a intimidação continuou - online.

O admirável mundo novo da tecnologia criou um monstro: o cyberbullying. Para aqueles que não estão familiarizados com o termo, segundo o site stopbullying.gov, é “intimidação que ocorre usando tecnologia eletrônica… Exemplos incluem mensagens via e-mails com textos cruéis, fofocas enviadas por e-mail ou postadas em redes sociais, fotos e vídeos constrangedores ou perfis falsos.”

Essa é uma ameaça real e séria ao bem-estar de nossos filhos. Com todos os avanços positivos e conveniências que os celulares e computadores trazem para nossa vida, também há um lado sinistro nessa tecnologia que espreita e não pode ser ignorado. Vai além do incômodo, pois esses aparelhos, nas mãos de jovens insensíveis, podem se transformar numa arma com potencial para levar outro ser humano a tirar a própria vida.

As estatísticas são alarmantes. Segundo o dosomething.org, um site para adolescentes que aborda questões sociais, quase 43 por cento de todas as crianças já foram intimidadas via online, 1 em cada 4 já passou por isso mais de uma vez, e somente 1 em cada 10 informa aos pais ou adulto de confiança sobre o abuso. E o mais preocupante, como é relatado no mesmo site, é que aqueles intimidados tem 2 a 9 vezes mais probabilidades de pensar em cometer suicídio.

Mais insidioso e letal que o bullying antes feito no pátio da escola, o bullying digital atinge suas vítimas com e-mails, tweets e textos, tornando sem valor o velho ditado que “paus e pedras podem quebrar meus ossos, mas as palavras nunca me machucarão”. Se o objetivo do intimidador é dar incontáveis golpes na menina ou menino mais vulnerável da turma, as palavras machucam; na verdade, têm o potencial de matar.

A perspectiva judaica sobre abuso verbal (e não-verbal) é simples mas eloquente: “Não deves maltratar teu próximo, e deves temer ao teu D'us.”1 Rashi esclarece: “Isso se refere à opressão verbal (ona’at devarim), ou seja, uma pessoa não pode antagonizar outra, nem dar mau conselho a fim de se beneficiar. E se você fosse perguntar: “Quem jamais saberia das minhas intenções secretas?” o versículo termina com ‘teme a D'us, Aquele que sabe.’

Os pais precisam considerar com cuidado se permitem ou não a Internet em casa. A Internet pode trazer muitas influências negativas para seu lar, das quais o cyberbullying é apenas um exemplo. Se você decidir que permite a Internet, aqui estão algumas precauções a tomar para proteger seus filhos de se tornarem vítimas, ou expectadores, ou até mesmo instigadores do cyberbullying:

1 - Conheça as senhas e nomes dos seus filhos para todas as contas de e-mails, redes sociais e aparelhos eletrônicos. Somente permita que seu filho tenha uma conta no Facebook ou Twitter se você puder ser amigo/seguidor.

2 - Monitore aquilo que seu filho escreve em seus aparelhos e no computador da família. Cheque regularmente o histórico das buscas. (A menina que cometeu suicídio na Flórida tinha procurado maneiras de se matar, o que foi descoberto mais tarde em seu histórico de busca.)

3 - Aprenda a terminologia atual usada pelos jovens quando se correspondem entre eles.

4 - Acesse funções da escola ou comunidade onde o cyberbullying está sendo discutido. Converse com outros pais, professor de seu filho e conselheiro escolar se suspeitar que seu filho está envolvido em cyberbullying.

5 - Fique atento a quais sinais de que seu filho parece ansioso, assustado, retraído ou desinteressado na escola ou em estar com os amigos de antes.

6 - Demonstre para seu filho que você merece confiança sobre qualquer informação de cyberbullying que ele compartilha com você. Explique que manterá segredo desde que a segurança ou saúde de alguém não esteja em perigo.

7 - Explique que você não pretende castigar seu filho por ser sincero sobre seu envolvimento em cyberbullying. Mantenha as linhas de comunicação o mais abertas possível, com conversas cuidadosas e não ameaçadoras.

8 - Monitore cuidadosamente sua própria reação se seu filho relatar que está sendo assediado.

9 - De maneira apropriada à idade de seu filho, explique o que aconteceu na Flórida, ou numa situação de assédio semelhante, e sua preocupação de que algo terrível possa acontecer em sua família ou qualquer outra.

10 - Diga ao seu filho para tratar os outros da maneira que ele ou ela gostaria de ser tratado. Ensine-o a não dizer ou escrever sobre outra pessoa nada que não se sinta disposto a dizer na frente daquela pessoa.

Infelizmente, a frequência de cyberbullying está aumentando, especialmente entre esudantes do ensino médio. Como é responsabilidade de todo pai proteger seu filho de qualquer dano, pense em discutir os perigos do cyberbullying hoje mesmo com seus filhos.