Publicado na BC News

A Meguilá relata que Haman exprimiu seu pedido para matar os judeus da seguinte maneira: “Há uma nação espalhada e dispersa entre os povos... e não é para benefício do rei tolerá-los.” Os rabinos explicam que a menção do termo “o rei” na Meguilá é uma alusão a D’us, Rei dos reis. Por que D’us permitiu que Haman pensasse em destruir o povo judeu? Porque eles estavam “espalhados e dispersos”. Em vez de juntar-se e permanecer unidos, os judeus se separaram uns dos outros e se afastaram. Foi essa distância que motivou D’us a pensar na sua destruição.

Por este motivo, quando Ester falou com Mordechai e avisou que iria até o rei Achashverosh para implorar pelo povo judeu, ela o instruiu: “Vai e reúne todos os judeus.”

Somente quando a unidade do povo foi restaurada houve esperança de sua missão ser bem-sucedida.

Esta não é meramente uma história do passado. Pelo contrário, nossa observância da Festa de Purim deveria ser com a intenção de reviver, não apenas lembrar, os eventos daqueles dias. Por este motivo, a unidade judaica está intrinsecamente ligada com nossa comemoração do feriado. Duas das mitsvot conectadas com Purim – mishloach manot (presentes de comida enviados aos amigos) e matanot laevyonim (fazer caridade aos pobres) – são expressões claras dos vínculos de união que aproximam nosso povo. Nossos Sábios nos ensinam que num futuro supremo: “Todas as Festas serão anuladas, com exceção de Purim e Chanucá.”

Os rabinos explicam que a intenção não é que deixemos de observar as outras Festas, mas que elas não serão mais dias importantes. Na Era da Redenção, em contraste, a revelação da Divindade será um aspecto contínuo da existência. Então as Festas não serão únicas. Serão observadas e todas as suas leis serão respeitadas; porém, a natureza espiritual dos dias não se destacará como especial em comparação à constante revelação que caracterizará aquela era. Isso não se aplica a Purim. Mesmo com o estabelecimento da Divindade revelada que vai caracterizar a era da Redenção,

Purim será especial. Não apenas observaremos as leis do feriado, mas sua importância espiritual única continuará proeminente. O mesmo se aplica ao que diz respeito à experiência da união judaica em Purim. A era da Redenção será caracterizada pela união e unicidade. Apesar disso, mesmo num ambiente assim, a unidade que nosso povo vivenciou em Purim prevalecerá.