O significado da Havdalá

Quando o Shabat inicia-se na sexta-feira ao entardecer, o recebemos com muita honra e alegria. Durante mais de 25 horas nos é concedida uma alma adicional e o espírito ímpar de Shabat; agora que se aproxima o momento de sua partida, não podemos deixá-lo sair desapercebido. Sua retirada também é anunciada com vinho e bênçãos.

O Shabat chega ao fim quando três estrelas são visíveis no céu, a olho nu. Entretanto, antes de ser permitido fazer qualquer trabalho deve-se verbalizar o início da nova semana com as palavras: "Baruch, hamavdil ben côdesh lechol" ("Bendito é Ele que separa entre o sagrado e o comum.") Depois que terminar o Shabat é dita a havdalá para marcar a distinção entre o "sagrado e o comum", entre o Shabat que finda e os dias da semana que se iniciam.

A havdalá é pronunciada sobre um cálice de vinho, com uma bênção (suco de uva, cerveja e alguns outros líquidos também podem ser utilizados). Além desta, mais três bênçãos são recitadas. A primeira é dita ao aspirar a fragrância de especiarias que têm o poder de revigorar espíritos alquebrados; quando o Shabat parte, junto com ele se retira a alma espiritual adicional, e é nessa hora que nosso estado de espírito precisa ser estimulado e revivido.

A segunda é a bênção do fogo, recitada sobre à luz de uma vela trançada (combinando diversos pavios ou, na falta desta, juntando as chamas de duas velas ou dois fósforos). Uma das razões desta oração é a lembrança do fogo que foi aceso por Adam (Adão), esfregando duas pedras, quando vivenciou pela primeira vez a escuridão que ocorreu na noite do primeiro Shabat.

Normalmente, quando uma bênção é pronunciada, esta deve ser seguida por um ato. Assim, após a bênção do fogo, erguemos as unhas à luz, para perceber o contraste da luz e da sombra refletido na palma da mão.

A última bênção é a havdalá – o reconhecimento da separação entre os opostos.

A Havdalá - O ritual que finaliza o Shabat

Segura-se na palma da mão direita um cálice de vinho ou cerveja (contendo no mínimo 86 ml), e recita-se a havdalá, de pé, em voz alta:

Hinê E-l yeshuati; evtach velô efchad, ki ozi vezimrat Y-a, A-do-nai, vayhi li lishuá. Ush’avtêm máyim bessasson, mimaayenê hayshuá. L’A-do-nai hayshuá; al amechá birchatêcha, sêla. A-do-nai Tseva-ot imánu; misgav lánu, E-lo-hê Yaacov, sêla. A-do-nai Tseva-ot, ashrê adam botêach Bach. A-do-nai hoshía; ha’Mêlech yaanênu veyom cor‘ênu.

Os presentes costumam recitar o seguinte versículo em voz alta e o condutor o repete: Layhudim hayetá orá, vessim-chá, vessasson, vicar; ken tihyê lánu.

Eis que D'us é minha salvação; confiarei e não temerei, pois o Eterno é minha força e canção, e Se tornou minha salvação. Portanto, hauri com alegria água das fontes de salvação. A salvação cabe ao Eterno; Tua bênção está sobre Teu povo, para todo o sempre. O Eterno dos Exércitos está conosco; o D'us de Yaacov é nossa fortaleza, para todo o sempre. O Eterno dos Exércitos, louvado é o homem que confia em Ti. Salva, ó Eterno; responde-nos, ó Rei, neste dia em que chamamos. (Os presentes costumam recitar o seguinte versículo em voz alta e o condutor o repete:) Para os judeus houve luz, alegria, júbilo e glória; que assim seja para nós.

Cos yeshuot essá, uvshêm A-do-nai ecrá. Savri maranan: Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu, Mêlech hao-lam… quando sobre vinho: …borê peri hagáfen (quando sobre cerveja: …shehacol nihyá bidvarô).

Elevarei o copo da salvação, e em nome do Eterno chamarei. Atenção Senhores: Bendito és Tu, ó Eterno, nosso D'us, Rei do Universo… quando sobre vinho: …que cria o fruto da vinha (quando sobre cerveja: …que tudo vem a existir por Seu verbo).

Passa-se o cálice com o vinho para a mão esquerda e, na direita, segura-se a caixa contendo especiarias (como cravo e/ou canela), recitando a seguinte bênção:

Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu, Mêlech haolam, borê minê bessamim.

Bendito és Tu, ó Eterno, nosso D'us, Rei do Universo, que cria diversos tipos de especiarias aromáticas.

Depois de cheirar as especiarias, o condutor passa-as para os presentes. Cada um recita a bênção das especiarias antes de cheirá-las.

Um dos presentes segura uma vela trançada acesa (ou, na falta desta, duas velas simples de modo a fazer uma só chama dos dois pavios) e o condutor, com o cálice novamente na mão direita, recita a bênção do fogo:

Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu, Mêlech haolam, borê meorê haesh.

Bendito és Tu, ó Eterno, nosso D'us, Rei do Universo, que cria as chamas do fogo.

O condutor coloca o cálice na mesa e dobra o polegar da mão direita debaixo dos quatro dedos, mirando o contraste da luz e da sombra refletido na palma da mão, provocado pelas chamas da vela. Ele repete o processo com os dedos da mão esquerda. Os homens presentes fazem o mesmo (as mulheres geralmente não o fazem). Em seguida, o condutor pega novamente o cálice na mão direita e termina a havdalá.

Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu, Mêlech haolam, hamavdil ben côdesh lechol, ben or lechôshech, ben Yisrael laamim, ben yom hashevií leshêshet yemê hamaassê. Baruch Atá A-do-nai, hamav-dil ben côdesh lechol.

Bendito és Tu, ó Eterno, nosso D'us, Rei do Universo, que distingue entre santo e corriqueiro, entre luz e trevas, entre Israel e as nações, entre o sétimo dia e os seis dias de trabalho. Bendito és Tu, ó Eterno, que distingue entre o santo [Shabat] e o comum [os dias da semana].

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