Rabino Ovadia Yosef, ex-Rabino Chefe Sefaradita de Israel, proeminente autoridade em Lei Judaica e mentor político para muitos da comunidade judaica sefaradita em Israel, faleceu aos 93 anos, reconhecido em todo o mundo como autoridade rabínica com uma rara compreensão de praticamente toda área da erudição de Torá.

Imerso na Torá

Nascido em Bagdá, Iraque, em 1920, imigrou com sua família para a Palestina de Mandato Britânico em 1924, estabelecendo-se em Jerusalém com os pais. Estudou na Yeshiva Porat Yosef sob a tutela de Rabi Ezra Attiya. Ali, era bastante admirado tanto pelos colegas quanto pelos mestres devido à sua devoção ao estudo e sua lendária retenção de textos.

Em 1940, Yosef aos 20 anos, recebeu ordenação rabínica. Após algum tempo como chefe do Tribunal Rabínico no Cairo, ele retornou a Israel no final da década de 1940.

Atuou na corte rabínica de Jerusalém e ensinou Torá em várias yeshivot. “Lembro-me de passar perto de seu apartamento em Jerusalém bem cedo pela manhã,” recorda Rabino Mordechai Ashkenazi, Rabino Chefe de KFar Chabad Israel, e “ele estava de pé estudando, imerso na Torá.”

Os dois se encontraram novamente em 1972, quando Ashkenazi publicou um índice de fontes citadas no Shulchan Aruch HaRav, o código da Lei Judaica do Alter Rebe, o primeiro Rebe de Chabad-Lubavitch.

“Levei meu livro a Yosef, que já era rabino chefe de Tel Aviv naquela época, e nos sentamos durante muitas horas falando sobre tópicos da Torá e outros assuntos,” diz Ashkenazi. “A cabeça dele era como um computador. Tudo que entrava nunca saía. Estava familiarizado com o Shulchan Aruch do Alter Rebe de trás para adiante – como estava familiarizado com todas as partes da Torá.”

Naquele ano, Rabi Yosef fez uma visita ao rabino em Kfar Chabad, dando uma aula sobre as leis de Pêssach. Logo depois, Rabi Yosef foi eleito Rabino Chefe Sefaradita de Israel, cargo que ocupou até 1983. Como fundador do partido político Shas – representando imigrantes vindos de nações árabes e do Norte da África que formavam quase metade da população judaica de Israel – ele baseou sua plataforma num retorno à tradição religiosa e como contrário a uma base política que tinha sido dominada por judeus de ancestralidade europeia.

Era famoso pelo seu conhecimento enciclopédico de uma vasta gama de textos haláchicos, desde os mais conhecidos até os mais obscuros. Em suas leis haláchicas, ele listava dezenas de leis anteriores e então decidia de acordo com aquilo que entendia ser a a opinião da maioria.

Grande parte da vasta obra de Rabi Yosef preenche duas coleções com muitos volumes. O primeiro, Yabia Omer, impresso em partes desde 1954, aborda uma vasta gama de assuntos, desde o uso de água com aquecimento solar no Shabat até as ramificações haláchicas da Operação Entebe, a missão de resgate ousada feita pelos comandos da Força de Defesa de Israel em Uganda em 4 de julho de 1976. Muitas das respostas preenchem dezenas de páginas com centenas de citações.

Yechave Daat – sua segunda obra, seis volumes no total – é formada por respostas mais curtas a questões práticas colocadas em seu programa de rádio, Pinat Hahalachat (“Canto da Halachá”), que ele comandou durante seu mandato como rabino chefe.

Ele teve a honra de ser um dos seletos eruditos contemporâneos a serem citados no Likutei Sichot do Rebe, Rabi Menachem Mendel Schneerson, de saudosa memória (vol. 33, Shlach III).

A autoridade espiritual de Rabi Yosef permitiu que fosse uma figura de liderança na vida política em Israel e promovesse o renascimento do orgulho sefaradita e um retorno à tradição que, juntamente com suas obras de Torá, continuarão muito tempo depois de seu falecimento.

Rabi Yosef foi precedido pela sua esposa, Margalit, e um filho, Rabino Yaakov Yosef. Deixa seis filhas; e cinco filhos, incluindo Rabi Yitschak Yosef, que foi eleito no mês passado como Rabino Chefe Sefaradita de Israel.