Pergunta:
As obras da Cabalá e Chassidismo falam sobe quatro mundos – Atzilut, Beriá, Yetzirá e Asiyá. Onde estão esses mundos? Por que nenhum deles foi ainda descoberto?
Resposta:
Se você está imaginando galáxias muitos anos-luz à frente, pense de novo. Estes não são mundos para serem atingidos através de viagens espaciais ou observados com um telescópio Hubble. Na verdade estão bem aqui. Deixe-me dar a você uma analogia. Você já teve seus olhos examinados? Lembra-se de ter de olhar através de duas lentes diferentes, e de ter sido indagado qual é a mais nítida, 1 ou 2? (Se você é como eu, teve de pedir ao optometrista para voltar cinco vezes, antes de tomar a sua decisão.)
Quando eu tento fazer contato com esses mundos, imagino cada um deles como outras lentes através das quais podemos enxergar a realidade. Quanto mais elevado o mundo, mais agudas e mais claras as lentes – para que tudo nesse mundo seja uma expressão harmoniosa da unicidade simples de D'us. Quanto mais baixo o mundo, mais parece diferente – como se nunca tivesse tido um criador, para começar. As coisas se tornam fragmentadas, discordantes, até expressamente feias, como se aquela sublime unicidade estivesse perdida.
Vivemos no mundo físico, inferior, de Asiyá – o que significa “realidade” – uma realidade na qual a Divindade está totalmente oculta. Nossas lentes não nos permitem ver nada além do produto final de todos os processos que estão perante elas. Vemos uma mesa – não a energia divina que veio antes dela. Nós nos encantamos com o pôr-do-sol – como se fosse apenas outro fenômeno natural, em vez de uma obra prima de um Grande Artista. Atribuímos o sucesso financeiro a táticas de negócios inteligentes – não às bênçãos de D'us. Não é coincidência que a palavra para “mundo” em hebraico, olam, partilhe o mesmo radical de he’elem, que significa “oculto”. Tudo, exceto a fachada mais externa, está escondida da nossa vista.
O que mantém nossa prescrição tão baixa? Bem, além de estar fora de foco, essas lentes também podem ser óculos de sol, escuros. Mundos mais baixos têm muita luz fluindo – é como ter óculos claros. Os detalhes e a beleza se perdem. Tente visitar a galeria de arte usando óculos escuros e com luzes apagadas, e entenderá essa ideia.
Os óculos escuros diminuem a luz – mas a informação ainda está ali, apenas você precisa olhar muito mais de perto para enxergar. Mas então há outro fator naquelas lentes. Elas distorcem as pinturas. Tudo fica tão confuso que parece totalmente sem sentido. Nada faz sentido. Tudo parece não ter propósito, assim como algo que simplesmente “está ali”. O que é uma boa descrição do nosso mundo: um lugar que (superficialmente) apenas parece estar aqui sem nenhum motivo ou propósito. Ajuste aquelas lentes, e sua percepção muda depressa. O mundo se torna uma expressão de algo muito mais elevado. Você consegue perceber almas e anjos. Vozes celestiais (chamadas um bat kol) são ouvidas. Um enorme amor e temor por D'us é sentido. Viaje com profundidade suficiente, e o próprio sentimento de “eu” e de desigualdade se dissolve na grande luz. Esta é a experiência dos profetas e místicos. Ora, isso parece contra-intuitivo, mas o objetivo de criar algo não está em nenhum mundo mais elevado, e sim aqui no nosso mundo físico Asiyá.
O Criador nos encarregou da tarefa de iluminar o mundo que seria escuro através da luz da Torá e mitsvot. Estamos aqui para descobrir a santidade dentro do mundano, o sobrenatural dentro do natural, e o espiritual dentro do físico. Fazendo isso, decodificamos toda a confusão, fazemos surgir uma luz intensa e revelamos como este mundo é na verdade mais sagrado que qualquer outro além dele.
Este é um trabalho em progresso. Quando tudo estiver feito, teremos o céu na terra. E isso é Mashiach.
Clique aqui para comentar este artigo