É muito preocupante para a mente ocidental, especialmente para a americana, sugerir que um grupo de pessoas é superior a outro. Isto talvez se deva ao fato de que no passado, a crença ou o argumento de que um grupo de pessoas é inferior a outro levou ao genocídio. Portanto, os americanos se tornaram profundamente engajados a ideias de igualdade, e isso se tornou uma meta, uma virtude moral à qual a sociedade americana aspira. Porém, há algo equivocado com essa atitude ou crença na igualdade como um meio de atingir um bem maior, uma maior moralidade.
Nossas ideias de igualdade têm suas origens na alegação de Thomas Jefferson, de que todos os homens são criados iguais. Obviamente, Jefferson não quis dizer literalmente, ele não estava falando das diferenças entre indivíduos que tornam alguns mais fortes, mais inteligentes, ou melhores que os outros. Estava falando de um princípio universal pelo qual todos os homens são iguais. Porém, nossa sociedade concentrou-se tanto em atingir igualdade, que insistimos em “igualdade” como um critério e virtude na vida. Ao fazê-lo, fingimos ignorar as diferenças entre as pessoas. A igualdade, portanto, não é uma virtude.
Não podemos exigir nada sob o pretexto de igualdade, porque a igualdade é algo ainda a ser visto. As pessoas são diferentes, e isso é necessário. Algumas são mais inteligentes, mais dotadas e mais belas que outras. Algumas são melhores em determinadas coisas, e algumas mais dotadas em outras coisas. Não há moralidade em negar nossas diferenças. Na verdade, é perigoso e imoral pregar moralidade com a presunção de que somos todos iguais, porque isso deixa em aberto a possibilidade de que, quando você descobrir que na verdade sou inferior a você, então está certo você abusar de mim.
O que realmente é moralidade?
Em poucas palavras, a Torá afirma que moralidade significa que o forte não pode levar vantagem sobre o fraco. Onde não há forte e não há fraco, se todos são o mesmo, então a moralidade não é necessária. É exatamente onde pode haver abuso, que precisamos da moralidade. É por isso que a Torá diz que não podemos ser cruéis com os animais. Ninguém está argumentando que os animais são iguais a nós. Certamente, o animal é inferior aos seres humanos. O ser humano tem muitas vantagens sobre o animal, e isso lhe permite superá-lo, torturá-lo e fazer quase tudo o que quiser com o animal. Porém, a Torá diz: “Não seja cruel com os animais.”
Se alguém me dissesse que eu, como judeu, sou inferior a ele, minha obrigação moral seria ensiná-lo que como sou inferior, ele não pode tirar vantagem de mim. Não tenho obrigação de ensiná-lo ou de provar para ele que eu não sou inferior. Ao contrário: minha obrigação moral é dizer a ele: “Sim, você pode ser mais forte que eu, este é o seu país. Sou apenas um estrangeiro aqui, você tem o dinheiro, o poder e a autoridade, mas não pode tirar vantagem de mim.” Isto é moralidade, porque não permite abuso ou mau tratamento apesar da desigualdade. O que precisamos, então, não é buscar a igualdade, mas sim buscar um valor universal – universal porque inclui todas as pessoas e aplica-se a toda a humanidade, o tempo todo.
Sob esta escala de valores, as diferenças individuais se tornam irrelevantes, porque cada indivíduo, apesar de todas as outras considerações, está limitado de maneira igual pelo valor. O valor universal, ensina o Judaísmo, é que todas as pessoas foram criadas para servir a D’us. É nisso que está a igualdade, no valor – não nas pessoas. Quando damos a partida com um valor universal que se espalha igualmente sobre todos nós, nossas diferenças não são ameaçadoras.
Quando reconhecemos que cada um de nós tem a obrigação de servir a D’us – que cada um de nós foi criado com esse propósito, então nossas qualidades e diferenças individuais não nos deixam pouco à vontade. Elas são o meio ou os detalhes pelos quais cada um de nós cumpre seu propósito individual no serviço de D’us. Assim como a vida boa produz felicidade – não o reverso – também uma vida moral produz igualdade entre todas as pessoas. A igualdade é o sub-produto, não o fim. Uma sociedade que se esforça para viver respeitando os princípios universais da moralidade será inevitavelmente aquela que respeita e preza a vida de cada indivíduo.
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