Resumo
Quem está mais perto da verdade – adultos ou crianças? Ostensivamente poderia parecer que um adulto maduro, cuja mente e emoções estão plenamente desenvolvidas, estaria mais habilitado a acessar a verdade que uma criança ainda não desenvolvida. Na verdade, durante muitos anos, até recentemente, a psicologia secular via uma criança como um adulto “bobo” em evolução, religiosos puritanos até mesmo viam as crianças como “nascidas em pecado” e um pouco selvagens que precisavam de medidas fortes para mantê-las na linha!
O Baal Shem Tov – e a Torá em geral – veem as coisas, digamos, de maneira um pouco diferente. Na verdade bem diferente; uma perspectiva que é o exato oposto da visão secular. Uma criança está o mais perto possível da verdade. Sua simplicidade toca – muito mais que qualquer adulto – a simplicidade da essência de toda a existência! De fato, é a mente desenvolvida do adulto que oculta e bloqueia a experiência da verdade pura…
Na mensagem desta semana, descubra a comovente maneira pela qual o Baal Shem Tov se descreve quando criança. Uma poderosa história capta as palavras que alteram a vida do Baal Shem Tov a um grande erudito que ficou confuso em suas reflexões sobre a existência de D'us. Acima de tudo, aprenderemos como canalizar nosso mais poderoso recurso: a criança interior.
O Que É Uma Criança?
Quem está mais perto da verdade – adultos ou crianças? Ostensivamente poderia parecer que um adulto maduro, cuja mente e emoções estão plenamente desenvolvidas, estaria mais habilitado a acessar a verdade que uma criança ainda não desenvolvida. Na verdade, durante muitos anos, até recentemente, a psicologia secular via uma criança como um adulto “bobo” em evolução, religiosos puritanos até mesmo viam as crianças como “nascidas em pecado” e um pouco selvagens que precisavam de medidas fortes para mantê-las na linha!
O Baal Shem Tov – e a Torá em geral – veem as coisas, digamos, de maneira um pouco diferente. Na verdade bem diferente; uma perspectiva que é o exato oposto da visão secular. Uma criança está o mais perto possível da verdade. Sua simplicidade toca – muito mais que qualquer adulto – a simplicidade da essência de toda a existência! De fato, é a mente desenvolvida do adulto que oculta e bloqueia a experiência da verdade pura…
O Midrash sobre a porção desta semana da Torá (sobre o versículo1 “E Ele disse, Eu sou o D'us de teu pai”) refere-se a Moshê como uma “criança”. Como está escrito: “Um pesi acredita em tudo”.2 Qual o significado de pesi? Uma criança. Porque na Arábia, eles chamam uma criança de pasia.3
O Baal Shem Tov disse aos seus alunos:4 “Depois de todos os níveis profundos de compreensão que atingi nas raízes sobrenaturais da Torá e mitsvot, e após todo o prazer espiritual que vivi, coloquei tudo de lado para servir a D'us com fé simples. Ich bin a na’ar un gleib – Eu sou uma criança/um tolo5 e acredito! E6 embora esteja escrito: “Um tolo acredita em tudo,” também está escrito:7 “D'us protege os tolos.”
O Erudito Perplexo
Rabi Shmuel Kaminka relatou a seguinte história com o Baal Shem Tov: Na cidade de Satinov havia um erudito que certa vez, após as preces de uma sexta-feira, imergiu numa profunda contemplação sobre a existência de D'us. Debruçado sobre diferentes textos filosóficos dos antigos filósofos, o erudito não conseguia atingir qualquer esclarecimento, a tal ponto que continuava perplexo e confuso em suas ponderações.
Sentindo o sofrimento do erudito, o Baal Shem Tov foi de Medzibush para ver vê-lo. O Baal Shem Tov aproximou-se dele e disse (em yidish): “Ihr klert tzi es iz doh a Go-t. Ich bin a na’ar un gloib.” “Você está se perguntando se existe um D'us. Eu sou uma criança/um tolo e acredito.”
Com essas palavras o Baal Shem Tov o deixou e retornou a Medzibush. O erudito pensou consigo mesmo: “Quem revelou a este homem [o Baal Shem Tov] esse segredo do que eu estava pensando? Obviamente isto é uma prova e um sinal de que existe um e único Criador, que revela segredos àqueles que O temem.”
O Aristocrata e o Pobre
Em outro local o Baal Shem Tov nos oferece uma linda e profunda analogia para explicar as palavras do Rei David em Tehilim:8 “Uma prece do pobre quando ele se absorve e derrama suas palavras perante D'us.”9
Duas pessoas foram convidadas para visitar o grande rei com a chance de pedir aquilo que quisessem. Um era um aristocrata culto e sofisticado. O outro, um mendigo analfabeto. O aristocrata foi o primeiro a chegar para a visita. Ao entrar no magnífico palácio, ficou encantado pela linda arquitetura e mobiliário, as raras coleções de arte e literatura, a imensa variedade de frutos, especiarias exóticas e vinhos de todo o mundo, pela majestade da moradia do glorioso rei. Enquanto passava de uma câmara para outra, ficava completamente hipnotizado por tudo que o cercava. De fato, devido à excelente educação e gosto sofisticado, sua profunda apreciação de todos aqueles tesouros o seduziu completamente, a tal ponto que perdeu o senso do tempo e… perdeu a audiência com o rei! Então chegou o mendigo. Sem qualquer educação, nenhum gosto, sem etiqueta, ele caminhou através das lindas câmaras, alheio às coisas magníficas à sua volta, e foi direto para o aposento particular do rei. Ali ele pediu tudo ao soberano – sabedoria, riquezas, beleza e a capacidade de apreciar e adquirir os majestosos tesouros do rei. Diz o Baal Shem Tov: Quando você estiver perante o Rei Celestial, reze como um mendigo. Suspenda todas as suas faculdades, sua sofisticação, sua inteligência e conhecimento. E apenas fique “nu” e inocente perante o Rei, envolva-se e derrame suas palavras perante D'us. Então você terá todos os seus desejos atendidos, incluindo todas as Divinas revelações.
O Poder da Inocência
O Baal Shem Tov obviamente não está advogando o analfabetismo. Está nos ensinando uma inestimável lição de vida.
Cada um de nós tem duas dimensões de ser – espelhando duas dimensões na experiência Divina.
1 – Nossa expressão. A maneira de nos expressarmos e nos revelarmos por meio das nossas faculdades. Na linguagem chassídica é chamada “giluim”, literalmente, revelações, expressões definidas – que incluem todas as maneiras de nos manifestarmos neste mundo. Todas essas expressões têm parâmetros e limites distintos. 2 – Nossa essência, que está além de qualquer forma de expressão definida e parâmetros limitados.
Como ser humanao criado à imagem Divina, essas duas dimensões dentro de nós estão enraizadas e evoluem a aprtir das duas dimensões do Divino:
1 – Giluim. Expressões Divinas. Como D'us Se expressa por meio da sabedoria, majestade, beleza e todas as emanações e atributos Divinos na ordem cósmica. Embora sejam todas expressões e extensões do Divino, cada qual tem suas próprias definições e parâmetros. 2 – Atzmut. A Divina Essência, que está além de qualquer forma de expressão e definição.
Tocando a Essência
Há vezes – e talvez isso defina a maior parte da nossa vida – em que experimentamos e entendemos as expressões “reveladas” do Divino. Assim como na maior parte do tempo nos engajamos na vida por intermédio das nossas próprias expressões definidas. Esta é claramente uma parte muito importante de nossas vidas – a maneira pela qual interagimos com os outros e com D'us numa maneira expressiva definida.
Mas, quando você deseja se conectar com a essência de D'us, com o próprio D'us como Ele está na Sua essência pura e inocente, além de qualquer forma de expressão, então você precisa suspender seu “giluim” definido e se postar como um mendigo, despido de toda a sofisticação, conhecimento e gosto, e abrir sua alma perante D'us, o Rei. Se você permitir que seus apegos aristocráticos e suas apreciações sofisticadas o controlem, então pode atingir grandes alturas, mas somente conseguirá acessar e se relacionar com as Divinas revelações. E assim, será seduzido pelas magníficas manifestações a cada estação da jornada, mas perderá o seu destino – seu encontro com o próprio Rei, a Divina Essência, enquanto Ele está no Seu santuário interior. A única maneira de acessar Atzmus, a Essência, é suspender suas faculdades e colocar-se como um mendigo de mãos vazias, como uma criança inocente, e abrir seu coração para o Rei.
O Poder da Criança
É isso que o Baal Shem Tov dizia aos seus alunos. “Depois de todos os profundos níveis de entendimento que atingi nas raízes sobrenaturais da Torá e mitsvot, e após todo o prazer espiritual que experimentei” – após todos os giluim – “Eu deixei tudo de lado para servir a D'us com fé simples. Ich bin a na’ar un gleib – Eu sou uma criança e acredito! E embora esteja escrito: “Um tolo acredita em tudo,” também está escrito: “D'us protege os tolos.”
Baseados nisso, vamos agora revisitar a psique da criança e a do adulto. A criança inocente, exatamente por causa das suas faculdades ainda não desenvolvidas, é o mais próximo que jamais chegaremos da verdade – da nossa própria essência e da essência de D'us.
A simplicidade da criança e sua fé inocente toca – muito mais que qualquer adulto – a simplicidade da essência de toda a existência! Embora a mente desenvolvida do adulto possa vivenciar grandes revelações, ao mesmo tempo oculta e bloqueia a experiência da verdade pura.
O adulto sofisticado pode perder seu encontro com o Rei. A criança não. Não importa a idade, cada um de nós tem uma criança interior intacta. Nada pode ser mais saudável que fazer – e permanecer – em contato com sua criança, com sua própria essência inocente, e deixar que ela informe todos os seus giluim, suas experiências definidas, expressões e faculdades.
Aprenda com o Baal Shem Tov – um erudito muito maior que qualquer um de nós – como suspender nossa inteligência por algo muito mais importante. Eu sou uma criança e acredito!
Às vezes, o mais sábio deles todos é o tolo…
Fontes: Yesod HaAvodah (por Rabino Avrohom de Slonim) Carta 24, Licutê Dibburim vol. 3 491c. Keser Shem Tov Hosafot seção 155-157. Sichas Shabbos Prshas Shemot 5725.
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