Pergunta:
A crença judaica em D’us é baseada numa revelação Divina ou em nossa própria descoberta intelectual?

Resposta:
Há descrições diferentes da fundação e base da crença em D’us. O Rambam (Maimônides), o notável filósofo e jurista, é comumente entendido como sendo o proponente de um judaísmo baseado numa dedução intelectual/racional, em oposição a Rabi Yehudah Halevi (autor do Kuzari) que usava um modelo de revelação emocional/místico. Entretanto, se você observar atentamente, pode ver que o judaísmo reconhece uma combinação de inquirição intelectual e crença na revelação.

Em uma seção de sua abrangente coleção de Lei Judaica, o Rambam descreve com fascinante riqueza de detalhes como a humanidade mudou de uma crença no único D’us no qual Adam e outros acreditavam e com quem falaram no início da Criação, a adorar ídolos feitos de argila. Ele mostra um quadro de uma sucessão de mal-entendidos, conflitos pelo poder e mentiras.

As primeiras gerações começaram adorando a natureza na crença equivocada de que era a vontade de D’us honrar Seus servos, tais como a lua e o sol. Gerações subseqüentes inventaram histórias, alegando que tinham recebido revelações descrevendo que tipo de templos deveriam ser construídos e que tipo de sacrifícios oferecer. Isso terminou por levar toda a humanidade à idolatria. O Rambam então relata a redescoberta do monoteísmo por Avraham, através do uso de seu intelecto e razão, e o estabelecimento de uma comunidade que adorava um D’us.

Entretanto, este não foi o final feliz. O Rambam conclui com os descendentes de Avraham mudando-se para o Egito onde começaram a perder seu puro monoteísmo e a voltar à idolatria. Quando tudo parecia perdido, D’us em Seu amor enviou-nos Moshê, o Profeta, e escolheu o povo judeu como Seu legado e instruiu-os a como servirem-No.

A longa digressão do Rambam na história da religião tem um propósito: é contar-nos que sim, D’us pode ser conhecido e descoberto unicamente por meio do intelecto, mas somente por uns poucos selecionados. Para o restante de nós, somente o intelecto não é suficiente, pois sabemos como é fácil justificar intelectualmente qualquer comportamento (com ou sem criar um sistema alternativo de crença) se realmente o desejarmos. Eis por que devemos primeiro basear-nos na Divina revelação no Sinai, no fato histórico e inegável, e somente então podemos utilizar nosso intelecto para conhecer a D’us.