Enquanto um esforço internacional representando 70 países e muitas organizações não-governamentais enviam ajuda para a nação japonesa, os moradores locais que sobreviveram ao terremoto de magnitude 8.9 e ao devastador tsunami somente para enfrentar a perspectiva do pior desastre nuclear desde Chernobyl em 1986 estão vivendo num estado de medo constante, fazendo o que podem para sobreviver.

Falta de água e eletricidade, serviços de telefone e celular com problemas, e dezenas de abalos com magnitude de até 6.2 sublinham o fato de que a tragédia continua a se desenrolar. Na casa do Rabino Mendel e Chana Sudakevich em Tóquio, cada abalo que atingia seu prédio provocava gritos e choro dos seus seis filhos.

“Não há muita destruição em Tóquio; eles construíram bem os prédios aqui.” disse Mendel Sudakevivh, diretor de Chabad-Lubavitch no Japão, no domingo. “Vejo apenas um pequeno dano nas janela; vidro quebrado, estradas rachadas.”

“Porém há muitos, muitos tremores secundários e as crianças estão em choque,” acrescentou o rabino, que coordenou abrigo para membros desalojados da comunidade de 2.000 judeus do país, após o encerramento do Shabat na noite de sábado. “Por enquanto, estamos tentando resolver se minha esposa e filhos devem ou não deixar o local. Hoje, deveria haver um grande evento pré-Purim na escola hebraica, mas as autoridades estão dizendo para que todos permaneçam em casa.”

Do mundo inteiro, dos Estados Unidos – que enviaram aviões ao Mar do Japão com toneladas de equipamentos pesados para ajudar nas buscas, no resgate e esforços de recuperação – da Europa, para ajudar num dos maiores desastres humanitários, que despertou um desejo coletivo de ajuda. Durante uma aparição no programa “State of the Union” na CNN de domingo, o Embaixador japonês nos Estados Unidos, Ichiro Fujisaki, agradeceu especificamente à Cruz Vermelha Americana por sua assistência e aos cidadãos preocupados em fazer doações ali.

Em Israel, o Jerusalém Post relatou que a organização humanitária IsraAID-First estava despachando uma equipe médica civil que chegaria ao Japão a partir da Coreia do Sul; a American Jewish Joint Distribution Comittee e as Federações Judaicas da América do Norte anunciaram o lançamento de programas para angariar fundos em prol do povo japonês.

Dois dias após o abalo inicial e a monstruosa onda que praticamente varreu áreas povoadas inteiras perto da costa, o número oficial de mortes continua aumentando. Funcionários sugerem que mais de 10.000 pessoas podem ter perdido a vida.

Relatos de que turistas israelenses não tinham sido encontrados logo após o abalo deram lugar a declarações de que todos os membros da comunidade judaica no Japão sobreviveram. Em Sendai, que aparentemente sofreu o pior do desastre, os poucos judeus que vivem ali estão bem, disse Sudakevitch.

Temores de que vazamentos nucleares pudessem ocorrer em dois reatores da Usina Nuclear Fukushima fizeram as autoridades evacuarem mais de 200.000 pessoas que moram perto da instalação com mais de 40 anos. Imagens de homens usando roupas contra radiação e crianças com contadores Geiger assustaram a nação e o mundo.

“Não sabemos o que acontecerá com a usina nuclear”, declarou Sudakevitch. A milhares de quilômetros no Centro do Oceano Pacífico, Rabino Avraham Chazanov, diretor do Chabad de Big Island, disse em sua casa havaiana que todos estavam rezando pelo povo do Japão. Embora o Havaí tenha sofrido muitos danos em propriedades quando o tsunami atingiu o arquipélado, as coisas não se comparam com a magnitude daquilo que estava acontecendo na Ásia, disse ele.

“O Beit Chabad está a 250 metros acima do nível do mar, portanto está intacto,” detalhou Chazanov. “Porém muitos lojistas israelenses perderam tudo e estão abrigados por enquanto aqui conosco.”

O Rabino acrescentou: “Nossos pensamentos e preces estão com o povo japonês.”