Os Filhos de Côrach
Quando Côrach foi tragado pelo abismo, seus três filhos, Assir, Elcana e Aviassaf também rolaram para baixo. Contudo, não foram arrastados às profundezas do Inferno, mas milagrosamente foram descansar sobre elevadas plataformas que o Todo Poderoso ergueu para eles, desta forma, permaneceram vivos. Os filhos de Côrach estavam entre os leviyim que, mais tarde, cantaram no Templo Sagrado.
Por qual mérito sobreviveram?
Em seus corações, os filhos de Côrach estavam cientes da verdade.
Moshê foi visitar Côrach em sua tenda, enquanto a família estava sentada à mesa, pensaram: "Se nos levantarmos para Moshê, ofenderemos nosso pai. Por outro lado, se ficarmos sentados, transgrediremos a mitsvá de levantar-se perante um Sábio. Não devemos violar o mandamento da Torá, mesmo se nosso pai ficar enraivecido." Por isso, levantaram-se em honra a Moshê.
Quando a destruição de Côrach e seus seguidores começou, os filhos de Côrach fizeram teshuvá em seus corações. Ao testemunharem a terra se abrindo e engolindo seu pai e seguidores, ficaram paralisados de medo, e incapazes de confessar seus pecados oralmente. O Todo Poderoso, contudo, Que conhece os pensamentos da pessoa, viu que mudaram de idéia. Por isso, Ele lhes permitiu sobreviver.
O versículo diz: "Para o Condutor, sobre rosas, para os filhos de Côrach, um cântico de afeto." (Tehilim 45:1). Por que denomina os filhos de Côrach "rosas"?
Pessoas que os viram costumavam dizer: "São 'espinhos', exatamente como seu pai."
Na hora da destruição, todavia, D'us protegeu as rosas de serem queimadas junto com os espinhos.
Os filhos de Côrach compuseram diversos salmos no Livro dos Salmos, dentre esses um que descreve como foram quase confinados ao Inferno: "Minha vida foi arrastada próxima ao inferno, fui ostracisado junto com os que desceram ao fundo do poço..." (Tehilim 88:4-5).
No capítulo 49, eles apelam a toda a humanidade que aprenda a lição moral do destino de seu pai:
"Os que se fiam em suas forças e de suas riquezas imensas se vangloriam, nem mesmo a seus irmãos podem eles redimir, nem a D'us oferecer resgate por sua morte. Não inveje nem tema ao homem que enriquece e alcança glórias pois, ao morrer, nem sua glória nem nada mais levará consigo. O homem que se engrandece e não tem entendimento para seguir as sendas traçadas por D'us, parecem-se com os animais que perecem e não deixam sequer lembrança."
On
Outro seguidor de Côrach, On, também escapou da morte. Era membro da tribo de Reuven, vizinho da família de Côrach, e, como tal, participou da rebelião. Ao voltar para casa da primeira reunião, contou à esposa que estava tomando parte numa rebelião. Ela argumentou: "O que você ganha com isso? Sua posição será a mesma, quer Aharon quer Côrach seja o Sumo-sacerdote." Reconheceu a lógica de suas palavras, mas explicou que já não podia mais desligar-se do partido de Côrach, uma vez que jurara oferecer incenso na manhã seguinte.
"Não se preocupe" - disse a esposa - "cuidarei disso." Naquela noite, a esposa de On misturou um vinho muito forte à sua bebida. On caiu imediatamente num sono muito pesado. Enquanto isso, sua esposa sentou-se à entrada da tenda, e fez algo que nenhuma esposa judia faria: descobriu seus cabelos.
Logo chegaram os mensageiros de Côrach para chamar On para a reunião. Porém, viram a esposa de On, com os cabelos descobertos! Deram meia-volta e foram embora.
Côrach enviou outros mensageiros. Eles também não se aproximaram da mulher de On. Os mensageiros iam e voltavam. Assim, On nunca apareceu ante o Santuário.
Côrach falou bem ao descrever os judeus como uma "congregação sagrada em meio a qual está a Shechiná." O nível de recato da Torá era aceito pela geração inteira. Era lógico e natural que nem mesmo os mensageiros de Côrach se dirigissem a uma mulher casada cujos cabelos estivessem descobertos.
Quando a morte golpeou os perversos, a cama onde On dormia começou a escorregar em direção ao abismo. A esposa de On agarrou a ponta e rezou: "Mestre do Universo, On desligou-se da corja de Côrach. Ele jurou em Seu Grande Nome que não é seguidor de Côrach. Se alguma vez violar sua palavra, então Você poderá puni-lo."
On foi poupado, e logo sua esposa censurou-o: "Agora, vá a Moshê e peça desculpas!"
"Estou envergonhado demais para encará-lo," replicou On.
A esposa de On, então, foi a Moshê, soluçando amargamente e relatando o que acontecera a seu marido.
Ao receber o relato, Moshê caminhou até a tenda de On e falou com ele de maneira encorajadora, dizendo: "Saia! Que o Todo Poderoso o perdoe!"
Pelo resto de sua vida, On não parou de lamentar-se e fazer teshuvá por uma vez ter ficado ao lado de Côrach. Seu nome indica isso:
On - ele estava em estado de luto (oninut - luto).
Filho de Pelet - um filho (homem) que foi resgatado da destruição através de um milagre (Pelet refere-se a Pele - milagre).
"A sábia entre as mulheres constrói sua casa." (Mishlê 9:1)
O versículo refere-se à esposa de On, cuja sabedoria resgatou seu lar da destruição.
"Mas a mulher perversa o demole com suas próprias mãos." Refere-se à esposa de Côrach, que arruinou seu marido e todo o seu lar.
Quando se trata de assuntos práticos, o marido deve ouvir os conselhos da esposa.
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