Apesar de serem tsadikim no momento de sua indicação, corromperam-se assim que Moshê os enviou. Decidiram imediatamente trazer um relato negativo, como que para deter o povo judeu.

O que fez com que os espiões se tornassem corruptos?

Disseram uns aos outros: "Somos líderes do povo sob a liderança de Moshê. Assim que entrarmos em Israel, Yehoshua se tornará o líder. Então ele indicará um gabinete diferente de ministros. Por isso, detenhamos o povo no deserto, para assegurar que não seremos demovidos de nossos altos cargos e posições."

Passaram os próximos quarenta dias planejando como tornar plausível que a Terra de Israel não fosse conquistada.

A narrativa dos espiões serve de exemplo de como o desejo por honra corrompe as pessoas.

Similarmente na próxima parashá, Côrach rebelou-se porque aspirava por honra.

O desejo de uma pessoa por respeito e honra, na melhor das hipóteses, impede o serviço a D'us, ou pode corrompê-la totalmente.

Tanto Yehoshua quanto Calêv opunham-se ao esquema dos espiões, porém enquanto Yehoshua expressava suas objeções, Calêv pensou que seria mais sábio ocultar seus pensamentos.

Os espiões entraram em Israel pelo sul, e prosseguiram em direção ao norte. Sua presença certamente teria atraído a atenção dos canaanitas, e teriam sido mortos, se não fosse pela miraculosa proteção de Cima. D'us afligiu os governantes de cada cidade por onde passavam com uma praga. Os canaanitas, assim, ficaram preocupados em lamentar e enterrar seus mortos, e os estrangeiros passaram despercebidos.

D'us fez com que Iyov falecesse no mesmo dia em que os espiões entraram na Terra. A perda de Iyov causou luto geral, distraindo novamente a atenção da população dos estrangeiros. Todavia, em vez de reconhecerem a Providência do Todo Poderoso, os espiões aproveitaram-se dos eventos para denegrirem Israel, reportando, mais tarde, ao povo: "É uma terra de epidemias. Onde quer que passássemos, víamos pessoas morrendo aos montes."

Os espiões entraram nas vizinhanças de Hebron, onde fica a Gruta de Machpelá, mas estavam com medo de entrarem lá para rezar. Era de domínio público o fato de gigantes viverem naquela área.

Apenas Calêv ignorou o perigo. Resolveu visitar o local sagrado onde nossos patriarcas estão enterrados, raciocinando: "Como posso evitar envolver-me com a conspiração dos espiões? Yehoshua está protegido pela oração de Moshê, eu, porém, devo implorar a D'us que me ajude."

Por conseguinte, entrou na Gruta para rezar. A Shechiná entrou junto com ele, para informar os patriarcas que chegou a hora de seus descendentes conquistarem a Terra.

Calêv atirou-se sobre os túmulos dos patriarcas e orou: "Pais do mundo! Imploro por misericórdia, que eu seja salvo dos planos dos espiões!"

O fato de que um homem com a força de caráter de Calêv achou necessário rezar na Gruta, prova que a tentação para ver os aspectos negativos da Terra era muito forte, mesmo partindo de homens da estatura dos espiões.

Por causa da oração de Moshê, Yehoshua não teve necessidade de unir-se a Calêv em Hebron. Sempre que Yehoshua contemplava o nome que Moshê lhe dera, sua fé se fortalecia.

Eles escolheram, contudo, frutas monstruosas, super desenvolvidas, a fim de mais tarde contar ao povo que um país que produz frutas tão estranhas era bizarro, e pessoas comuns não sobreviveriam lá.

Os espiões colheram um galho de videira do qual pendia um cacho de uvas extremamente pesado. Eram necessárias oito pessoas para transportá-lo. O nono espião carregou figos, e o décimo, uma romã. Todavia, Yehoshua e Calêv, que perceberam que os espiões utilizariam esses frutos para denegrir Israel, não carregaram nada.

(O cacho de uva que eles portaram na volta foi suficiente para fazer vinho para os sacrifícios que seriam ofertados durante os próximos quarenta anos de permanência no deserto.)

Durante todos os quarenta dias de viagem, os espiões engendraram e ensaiaram um discurso que agitaria a comunidade inteira.

Geralmente, uma excursão através de Israel duraria mais de quarenta dias. Contudo, D'us sabia que os judeus expiariam com um ano deserto por cada dia que os espiões ficaram na Terra. Por pena dos judeus, Ele condensou a rota dos espiões e, portanto, a subseqüente punição do povo.