O judaísmo é regido por regras de moral e ética bem amplas e definidas transmitidas através da Torá e que abrangem todas as áreas da vida.

Para um judeu ser religioso ele precisa antes de mais nada ser ético. Esta é a marca que deve reger o comportamento de qualquer judeu em todos os campos, tanto nos relacionamentos interpessoais, dele com outros seres humanos, quanto dele em relação a D'us.

Desde a Criação do mundo, do homem, da mulher e a confiança em ambos depositada pelo Criador logo definiu qual deveria ser o padrão de conduta para merecer o recebimento das bênçãos Divinas: um compromisso estabelecido, uma palavra dada sempre devem ser mantidos. Esta é uma entre tantas lições que se aprende do pecado ocorrido no Gan Eden, Paraíso.

O Dilúvio que devastou o mundo a fim de purificá-lo com suas águas, poupou um único homem bom e justo, Nôach (Noé) e sua família, fornecendo uma prova ímpar sobre a importância de quem se conduz com moralidade no mundo.

Yaacov (Jacó), apesar de tantas vezes ter sido enganado por seu sogro Lavan (Labão), homem sem escrúpulos, que trocava um sem número de vezes sua palavra, cumpriu compromissos mesmo duvidosos afim de manter intacta sua integridade, o que o levou a sacrificar 20 anos de sua vida trabalhando sem trégua.

A Torá segue com tantos e incontáveis exemplos nos dando uma visão de qual caminho devemos seguir e de como devemos agir durante todos os anos de nossa vida: devemos ser o espelho de D'us aos olhos do mundo.

Religioso significa ser ético; aquele que pratica atos justos e bons. Um judeu sem ética não é considerado observante nem religioso, e apesar de cumprir cuidadosamente as leis do Judaísmo entre o homem e D'us, enquanto permanecer não-ético, também não chegará a entender que o Criador rejeita a observância de leis entre o indivíduo e D'us por aqueles que agem de forma imoral.

Como então se explica que judeus religiosos possam ser desprovidos de ética?
Esta uma questão que incomoda todo judeu sensível ao se defrontar com a existência de judeus que observam muitas leis judaicas, mas são destituídos de ética. É como possuir apenas uma embalagem, um invólucro que não condiz com seu conteúdo. O problema é ocasionado quando parte da comunidade observante transforma e ensina a Lei Judaica como um fim em si mesma, ao invés de um meio para "aperfeiçoar o mundo sob o domínio de D'us."

Infelizmente há judeus que acostumaram-se a restringir suas preocupações religiosas à prática de rituais repetitivos. Os Profetas censuraram veementemente aqueles judeus cuja observância mecânica destas leis demonstraram uma falta de preocupação pelos princípios éticos nelas contidos.

Aquele que é observante das leis entre o indivíduo e D'us, dedica cuidado especial às regras que regem a cashrut, alimentação judaica, ou a suas preces, por exemplo, deve dedicar a mesma atenção e ser minucioso ao tratar com educação e respeito seu próximo. A observância das leis entre pessoa-a-pessoa - amar ao próximo como a si mesmo, é uma mitsvá de tanto peso que deve ser levada à prática em todos os atos que interlaçam os relacionamentos humanos.

A Torá mostra como a má inclinação, a que todos estamos sujeitos, pode ser driblada e dominada; dependerá muito mais do nível de discernimento espiritual, do refinamento em que cada alma se encontra pelo mérito de seu esforço pessoal, do que simplesmente relegar a justificativa de atos negativos simplesmente como obra do azar ou do acaso.

A ética é o equilíbrio permanente na balança onde o bem está acima do mal, e os atos são direcionados seguindo a orientação apontada pela própria Torá. Dominar nossos maus instintos, vencer obstáculos e tentações da vida é uma forma de exercer nosso livre arbítrio de forma efetiva, isto é, positiva.

Espera-se sempre dos judeus um excelente comportamento ético, pois não é difícil constatar em seu currículo o que os dados estatísticos comprovam: homicídios, raptos, crimes hediondos é praticamente inexistente entre judeus, e isto ocorre tanto em sociedades onde constituem a maioria da população (como em Israel), como onde os judeus estão em minoria.
Conseqüentemente, as pessoas esperam que atos maus jamais sejam cometidos por pessoas consideradas praticantes, pois presume-se que sejam regidas pelo mesmo código legal de conduta.

O termo hebraico Halachá, Código das Leis Judaicas, significa caminho. A Halachá fornece todos os instrumentos necessários para se chegar a um determinado lugar, que deve ser o da santidade, moralidade e ética. As Leis da ética e conduta do povo judeu é o meio, mas depende exclusivamente de cada um de nós usá-lo da maneira certa para realmente nos tornarmos exemplos vivos da Torá, judeus verdadeiros, por dentro e por fora.