"Países, estados, províncias e até algumas companhias japonesas têm hinos.
Um hino é uma peça de música que expressa a essência da entidade que celebra, um tema comum que une todas as pessoas e as variadas atividades da vida naquele local.
A época das Grandes Festas também possui um "hino".

Estamos chegando a uma época de dias profundos, poderosos, do Calendário Judaico. As Festas e datas especiais desses dias tocam cada fibra do nosso ser e tocam praticamente cada nota que nossa alma pode cantar.

Durante o mês de Elul nos engajamos em introspecção e exame de consciência.
Em Rosh Hashaná, exploramos nossa conexão pessoal e comunal com D'us e renovamos nossa crença de que podemos fazer uma diferença em nosso mundo.

Durante os Dez Dias de Retorno que atingem o auge em Yom Kipur, confrontamos a negatividade em nosso passado. Conectamo-nos então com nossa suprema Fonte num nível mais profundo que nossas falhas podem atingir, e com o poder daquele vínculo transformamos a amargura do passado na doçura de um futuro melhor.Com esta recém-encontrada proximidade ao transcendente, entramos então na Festa de Sucot, onde todo aspecto de nossa vida é abraçado e imbuído com a presença do amor de D'us por nós e nosso amor recíproco de D'us – uma experiência que engendra a grande felicidade que culmina no júbilo consumado de Shemini Atsêret e Simchat Torá.

Essas experiências são bastante variadas, porém fazem parte de uma única massa contínua. Possuem um hino que expressa aquela continuidade.

O "hino" das Grandes Festas, que abrange os meses de Elul e Tishrei, é o Salmo 27, "D'us é minha Luz".

Durante 50 dias – de Rosh Chôdesh ("cabeça do mês") de Elul até o sétimo dia de Sucot (Hoshana Rabbah) – recitamos este Salmo duas vezes ao dia, de manhã e à noite. Sua primeira linha é a chave para todas as experiências supramencionadas: "D'us é minha Luz…"

O objetivo da luz é revelar. Isso nos permite ver claramente aquilo que reluz. Este hino dá voz à nossa sensação de que durante esta época do ano D'us está singularmente acessível, e portanto podemos abrir as portas da nossa consciência a D'us e permitir que Sua luz revele tudo aquilo que possuímos, mas de alguma forma perdemos nos corredores sombrios da vida cotidiana.

Esta luz é o tema dominante dessa época:

A luz revela nossas falhas. Revela nosso potencial para transcender aquelas falhas e que nosso sonho de perfeição é uma visão que estamos habilitados a atingir.

Revela que não estamos tão longe da Divindade como pensávamos estar e que não somos uma entidade separada de D'us, mas uma extensão de Sua essência.

Revela nossa habilidade de ver esta qualidade Divina também em todas as pessoas, a nossa capacidade de nos elevarmos acima do sofrimento do transitório e efêmero e de nos alegrarmos no real e no eterno.

À medida que pronunciamos essas palavras magníficas a cada dia desse período, vamos nos abrir à luz Divina dentro de nós, e transformar a nós mesmos e ao nosso mundo – para melhor.

Salmos – Capítulo 27


  1. De David. O Eterno é a luz que me guia e a fonte de minha salvação; a quem, então, temerei? Ele assegura minha existência; o que eu haveria de recear?
  2. Se malévolos me atacam e me pretendem destruir; tropeçam e caem.
  3. Ainda que me cerque um exército, não se deixará abalar meu coração e mesmo que desfechem guerra contra mim, minha fé permanecerá inabalável.
  4. Um anseio manifestei ao Eterno e sua realização buscarei – que eu habite em Sua morada por todos os dias de minha vida, a fim de poder contemplar Sua Glória e buscar a compreensão de Seus Mandamentos.
  5. Se uma calamidade ocorrer, Ele me abrigará em Seu tabernáculo; guardar-me-á no recôndito de Sua Tenda, erguer-me-á acima do cume das montanhas.
  6. Protegido contra os inimigos que me quiseram destruir, trarei então oferendas de gratidão à Sua tenda e entoar-Lhe-ei canções de louvor.
  7. Escuta, ó Eterno, minha voz, apieda-Te de mim e concede-me Tua resposta quando a Ti eu clamar.
  8. Meu coração compreendeu Teu Mandamento – “Buscai Minha Presença” – e Tua Presença ele busca.
  9. Não ocultes de mim Tua face e não me afastes de Ti em ira. Tu tens sido meu socorro, portanto não me abandones e não me olvides, ó Deus de minha salvação!
  10. Me abandonaram meu pai e minha mãe, mas o Eterno me acolheu.
  11. Ensina-me Teus caminhos, guia-me pela vereda dos justos e protege-me dos que me odeiam.
  12. Não permita que prevaleça contra mim o furor dos inimigos que caluniam e trilham as sendas da violência.
  13. Eles me fariam desesperar, não fora minha fé perseverante de que alcançaria neste mundo a bondade do Eterno.
  14. Confia pois Nele! Assim, fortalecer-se-á teu coração por depositares no Eterno toda a tua esperança.