Os Primeiros Anos
Rabi Sholom DovBer, o quinto líder do crescente Movimento Chabad, estava sempre ocupado com o crescente número de encontros públicos, conferências e importantes convocações rabínicas aos quais tinha de comparecer. O desfile interminável de delegações chassídicas, pessoas em busca de conselhos e orientação, a necessidade de supervisionar e instruir seus seguidores, além de sua necessidade pessoal de estudos bíblicos e chassídicos, aumentavam cada vez mais seus dias de trabalho, que já se alongavam do início da manhã até tarde da noite.
Ele resolveu designar um secretário pessoal para aliviá-lo de parte do seu pesado fardo. Sua escolha recaiu no seu filho de quinze anos, Rabi Yossef Yitschac Schneersohn. Nascido a 12 de Tamuz de 5640 (1880) em Lubavitch, na Rússia, o jovem já provara sua capacidade no campo dos estudos, e era reconhecido como um brilhante erudito. Ele em breve provaria ser também um competente administrador, com enorme talento para atividades comunitárias e cívicas.
Em 5655 (1895), o jovem Rabino participou da grande conferência de líderes religiosos e leigos em Kovno, e novamente no ano seguinte em Vilna.
No dia 13 de Elul de 5657 (1897), aos dezessete anos, Rabi Yossef Yitschac Schneersohn casou-se com Nehamah Dinah, filha de Rabi Abraham Schneersohn, um homem importante de grande erudição e religiosidade (e neta do Tsêmach Tsêdec).
Durante a semana de festividades que se seguiu à cerimônia de casamento, Rabi Sholom DovBer anunciou a fundação do famoso seminário Yeshivá Tomchei Temimim, e no ano seguinte nomeou seu filho como diretor executivo. Sob a hábil direção de Rabi Yossef Yitschac Schneersohn, e orientado pelo seu pai sempre atento, a Yeshivá Lubavitch floresceu e desenvolveu-se em muitos seminários em toda a Rússia.
As duas primeiras décadas do século vinte foram para testar ao máximo a ilimitada energia, zelo e capacidade do jovem rabino. Pode-se somente fazer uma breve menção dos eventos mais importantes contidos naqueles vinte anos.
Como parte dos extenuantes esforços feitos para melhorar o status econômico dos judeus na Rússia, Yossef Yitschac Schneersohn foi incumbido pelo pai de conduzir uma intensa campanha para o estabelecimento de uma indústria têxtil em Dubrovna.
Esta campanha, em 5661 (1901), levou Rabi Schneersohn a Vilna, Lodz e Koenigsberg. Ele obteve a cooperação de rabinos importantes e de famosos filantropos, os irmãos Jacob e Eliezer Poliakoff, e a tecelagem foi realmente aberta, com cerca de 2.000 empregados judeus.
Intercessão em Prol dos Judeus da Rússia
Já conhecemos a situação difícil dos judeus sob o regime czarista e como os Rebes de Lubavitch intercederam continuamente em prol de seus irmãos, tanto com o Governo como com o Tribunal. Rabi Yossef Yitschac Schneersohn aceitou muitas dessas missões e viajava freqüentemente para S. Petersburgo e Moscou.
Quando a Guerra Russo-Japonesa irrompeu no Leste em 5664 (1904), Rabi Yossef Yitschac Schneersohn tornou-se ativo na campanha iniciada por seu pai para prover os soldados judeus na Frente Leste com matsot para Pêssach.
Na confusão que se formou no desenrolar daquela guerra, uma nova onda de pogroms varreu os Assentamentos Judaicos. Rabi Yossef Yitschac Schneersohn foi enviado pelo pai à Alemanha e Holanda, e conseguiu obter a intercessão de importantes homens de estado em prol dos judeus da Rússia.
No ano 5668 (1908), ele participou novamente na convocação rabínica em Vilna, No ano seguinte, foi à Alemanha para reunir-se com líderes judeus locais. Na volta, ele tomou parte nos preparativos para a convocação rabínica de 5670 (1910).
Suas atividades públicas enérgicas e abrangentes, sua vigilante defesa dos direitos dos judeus russos e sua luta constante contra as autoridade locais e centrais despertaram a inimizade do regime czarista da época.
Entre os anos de 5662 e 5671 (1902-1911), Rabi Schneersohn foi preso em Moscou e S. Petersburgo em quatro ocasiões. Como as investigações do Governo nada descobrissem de ilícito em suas atividades, ele foi libertado todas as vezes com uma severa advertência.
Estes incidentes não detiveram Rabi Schneersohn de continuar sua obra, mas o estimularam a esforços ainda maiores. Nos anos de 5677 (1917) e 5678 (1918) ele novamente tomou parte na assembléia de Rabinos e leigos em Moscou e Kharkov.
O Czar, a KGB, etc.
O corpo físico de Rabi Yossef Yitschac Schneersohn, sexto Rebe de Lubavitch, foi encarcerado na infame Prisão Spalerno, porém seu espírito indomável continuou completamente livre.
Apesar das severas torturas físicas e psicológicas a ele infligidas pelos cruéis e rudes carcereiros, ele jamais vacilou na sua crença em D'us e na sua devoção ao Judaísmo.
Em 15 de Sivan, após uma noite interminável de tortura, ele exigiu que lhe entregassem seus tefilin. "Esqueça!" riram os torturadores. "Jamais os receberá enquanto estiver aqui!"
"Nesse caso, declaro que vou entrar em greve de fome. Até que me entreguem meus tefilin, não vou comer nem beber nada, e os prisioneiros da minha cela serão testemunhas do meu jejum."
O Rebe ficou na cela escura rezando em voz alta, enquanto seus companheiros de cela permaneciam num silêncio respeitoso.
Nem o ambiente assustador nem as coisas profanas gritadas pelos guardas conseguiam permear as profundas meditações do Rebe.
O Rebe continuou sua greve de fome durante os dois dias e noites seguintes. Às dez horas daquela noite foi levado para um interrogatório. Havia três interrogadores: dois judeus – Lulov e Nachmanson – e um não-judeu, Dachtriov. A sala era grande e as paredes de mármore alinhavam-se tubos grandes que permitiam aos agentes da GPU na sala adjacente ouvir e transcrever o interrogatório.
Quando o Rebe entrou na sala, voltou-se aos seus interrogadores e disse:
"Esta é a primeira vez que entro numa sala e nem uma única pessoa se levanta do seu lugar!"
"Você sabe onde está?" perguntaram a ele.
"Claro. Sei que este é um lugar onde NÃO é preciso colocar uma mezuzá. Existem outros locais assim, como por exemplo, um estábulo e um banheiro."
O Rebe recusou-se a ficar intimidado e declarou furioso: "Vocês não têm o direito de acusar-me! Devolvam meus objetos!"
Porém eles começaram a ler as acusações contra o Rebe.
Enfrentar as forças reacionárias da URSS; contra-revolução; exercer influência sobre judeus russos; divulgar a religião; corresponder-se com estrangeiros e passar informação sobre a União Soviética, etc.
O Rebe explicou que ele não impunha sua vontade sobre ninguém; a Chassidut influencia pelo exemplo, não pela força ou poder.
Cento e oitenta anos antes, seu ancestral, Rabi Shneur Zalman, tinha sido forçado a explicar os dogmas da Chassidut aos interrogadores do Czar; agora Rabi Yossef Yitschac tinha de fazer o mesmo aos interrogadores soviéticos.
O Rebe respondeu a todas as acusações, e então lançou palavras duras a Lulov, dizendo: "Escute. Talvez você pense que vai dar início a um novo caso Beilis [a infame acusação de libelo de sangue], mas lembre-se como aquela tentativa falhou." O Rebe continuou a refutar dessa maneira todas as palavras deles.
Naquele momento, Nachmanson entrou na sala e relatou o seguinte caso: "Lulov, você sabia que meus pais não tinham filhos até que foram pedir uma bênção ao Rebe de Lubavitch? Este é o homem, bem aqui… e eu sou o filho que nasceu." Os interrogadores riram desbragadamente pela ironia.
O interrogatório durou a noite toda.
Ao final, Lulov explodiu furioso: "Mais 24 horas e você será fuzilado!" Esta era uma possibilidade real naquela época.
Sofrendo dores lancinantes pelas surras que tinha recebido, o Rebe continuou sua greve de fome até sexta-feira, quando seus tefilin e livros lhe foram devolvidos.
Naquela hora, o Rebe anunciou que comeria apenas alimentos trazidos de sua casa. Naquele Shabat, recebeu três chalot inteiras assadas em casa (um exemplo do novo tratamento que passaria a receber).
O guarda que anteriormente tinha sido tão cruel, agora saía de seu caminho para acomodar o Rebe. Como o Rebe tinha pedido, o guarda batia à sua porta para indicar a hora da prece noturna, e na conclusão daquele Shabat, o Rebe recebeu dois fósforos para a santidade do Shabat e a semana mundana.
Em 12 de Tamuz, Rebe Yossef Yitschac foi libertado da prisão e da morte certa.
Treze anos depois, o Rebe chegou aos Estados Unidos. Sua chegada assinalou o início de uma nova era no Judaísmo americano. Tinha-se presumido que a Torá jamais poderia florescer na América como tinha feito na Europa, mas com seu famoso pronunciamento "A América não é diferente", o Rebe.
Lidando Com as Autoridades Comunistas
Com o falecimento de seu pai em 2 de Nissan de 5680 (1920), Rabi Yossef Yitschac Schneersohn foi convidado por todo o mundo Chabad a aceitar a liderança do Movimento e tornar-se o próximo Rebe de Lubavitch.
Naquela época as condições tinham mudado bastante. Como resultado da Guerra e da Revolução de Outubro, a Rússia estava em constante conflito interno. Como sempre, os judeus eram quem mais sofria.
Naqueles dias, Rabi Schneersohn viu-se praticamente sozinho, enfrentando uma tarefa que exigia um esforço sobre-humano – a reabilitação da vida comunitária e religiosa dos judeus na Rússia.
Ele enfrentou sua luta em duas frentes, a material e a religiosa. Os judeus russos tinham sido reduzidos à mais abjeta pobreza e sofrimento, e o futuro do Judaísmo tradicional era ameaçado pela política atéia da Yevsektzia (o ramo judaico do Partido Comunista Soviético, responsável pelas atividades anti-judaicas. Posteriormente foi dissolvido pelo Governo Soviético).
Durante sua luta solitária pela preservação do Judaísmo tradicional na Rússia, Rabi Yossef Y. Schneersohn percebeu que um novo país teria de superar a Rússia como grande centro de Torá. Portanto, ele fundou um Seminário Talmúdico Lubavitch (yeshivá) em Varsóvia, em 5681 (1921), e ali continuou sua obra. A yeshivá Lubavitch na Polônia, como sua similar na Rússia, desenvolveu-se rapidamente num sistema completo de seminários, e centenas de estudantes foram matriculados em suas várias filiais.
Enquanto isso, Rabi Yossef Y. Schneersohn conduzia corajosamente sua obra na Rússia, fundando e mantendo seminários, escolas de Torá e outras instituições religiosas.
Naquela época Rabi Schneersohn tinha sua sede principal em Rostov sobre o Don, mas devido a acusações caluniosas foi preciso mudar-se dali. Ele fixou residência em Leningrado (S. Petersburgo), de onde continuou incansavelmente a dirigir suas atividades. Ele organizou um comitê especial para ajudar artesãos judeus e operários que desejavam observar o Shabat, e enviou professores, pregadores e outros representantes às mais remotas comunidades judaicas na Rússia, para fortalecer sua vida religiosa.
Percebendo a necessidade de organizar comunidades Chabad fora da Rússia, o Rebe formou a Agudat Chassidei Chabad dos Estados Unidos e Canadá, mantendo contato regular com seus seguidores no Novo Mundo.
Em 5687 (1927), o Rebe fundou o seminário Lubavitch no Usbequistão, uma província remota da Rússia. Sua posição contra aqueles que desejavam minar a religião judaica tornou-se ainda mais arriscada. A Yevsektzia estava determinada a contê-lo, e recorreu até mesmo a intimidação e tortura mental.
“Certa manhã, quando o Rebe estava observando yahrzeit pelo seu pai, três membros da Yevsektzia entraram na sinagoga, armados de revólveres, para prendê-lo. Calmamente, o Rebe terminou suas preces e seguiu-os.
Enfrentando um conselho de homens armados e determinados a tudo, o Rebe novamente reafirmou que não desistiria de suas atividades religiosas, sem temer ameaças. Quando um dos agentes apontou um revólver para ele, dizendo: “Este brinquedinho já fez muitos homens mudarem de idéia”, o Rebe respondeu calmamente: “Este brinquedinho pode intimidar somente o homem que tem muitas paixões e deuses, e apenas um mundo – este mundo. Como eu tenho somente um D’us e dois mundos, não estou impressionado pelo seu brinquedinho.”
Sua luta chegou ao auge no verão de 5687 (1927), quando o Rebe foi preso e colocado em confinamento solitário na famosa prisão Spalerno em Leningrado. Ele foi sentenciado à morte, mas a intervenção oportuna de estadistas estrangeiros salvou sua vida. Em vez de ser executado, ele foi banido para Kostroma, nos Urais, por três anos.
Cedendo à pressão feita por aqueles estadistas, as autoridades decidiram libertar o Rebe. Ele foi informado desta decisão no dia de seu aniversário, 12 de Tamuz. No dia seguinte ele teve permissão de partir e se alojar na aldeia de Malachovka, nas vizinhanças de Moscou. Outra intervenção resultou na permissão para o Rebe deixar a Rússia e ir para Riga, na Latvia. No dia seguinte à Festa de Sucot, juntamente com sua família e sua biblioteca histórica e valiosa, o Rebe partiu para Riga.
Sem fazer uma pausa para descansar, ele retomou suas atividades, estabelecendo um seminário talmúdico em Riga, Em 5688 e 5689 (1928/29), ele assegurou a provisão de matsot para os judeus da Rússia.
Irrompe a Segunda Guerra
No ano de 5689 (1929), o Rebe visitou Israel e em seguida foi aos Estados Unidos. Em Nova York ele teve uma recepção cívica, e lhe foi concedida liberdade na cidade. Centenas de rabinos e líderes leigos deram as boas vindas ao Rebe, e pediram entrevistas pessoais com ele. Durante esta visita, ele foi recebido pelo Presidente Hoover na Casa Branca.
Voltando à Europa, ele continuou suas diversas atividades, mas para ter melhores facilidades em seu trabalho ele fixou residência em Varsóvia em 5694 (1934). As atividades dos seminários Lubavitch na Polônia tinham agora recebido um impulso considerável. O seminário central em Varsóvia e na vizinha Otwosk atraíam centenas de eruditos de todas as partes da Polônia e de outros países, incluindo os Estados Unidos. Dois anos depois, o Rebe fixou residência em Otwosk e passou a dirigir suas atividades daquele local.
Quando irrompeu a Segunda Guerra Mundial em setembro de 1939 (5699), o Rebe recusou muitas oportunidades de deixar o inferno de Varsóvia até que tivesse cuidado de seus seminários e feito todo o possível para ajudar seus irmãos sofredores da capital polonesa. Ele permaneceu lá durante todo o terrível cerco e bombardeio a Varsóvia e sua capitulação final aos invasores nazistas.
Mesmo durante esta época, ele conseguiu evacuar muitos de seus alunos para regiões mais seguras, e todos os meninos americanos que estavam estudando no seminário Lubavitch em Otwosk foram transportados em segurança de volta para os Estados Unidos.
Sua coragem e temeridade (ele teve uma sucá construída e cumpriu a mitsvá de “habitar na sucá” no auge do bombardeio) foram uma fonte de inspiração para a sofrida comunidade judaica de Varsóvia.
Com a cooperação do Departamento de Estado em Washington, os amigos e seguidores do Rebe trabalharam incansavelmente para organizar sua viagem de Varsóvia a Nova York. Finalmente, o Rebe e sua família receberam uma salvo-conduto para Berlim e dali para Riga na Latvia, que ainda era neutra na ocasião. Uma vez lá, o Rebe continuou a auxiliar os numerosos refugiados que tinham conseguido escapar da Polônia para a Lituânia e Latvia.
Em 9 de Adar Sheni de 5700 (19 de março de 1940), o Rebe chegou a Nova York no S.S.
Drottningholm. Foi entusiasticamente recebido por milhares de seguidores e muitos representantes de diversas organizações, bem como autoridades civis.
Chegada aos Estados Unidos
Quando o Rebe chegou aos Estados Unidos, não perdeu tempo para estabelecer um fundo de ajuda para os judeus do outro lado do oceano. Entrou em contato com funcionários do governo e dos departamentos de Estado, fazendo enorme pressão para validar o máximo possível de vistos, à medida que a guerra ficava mais perigosa e mais portões de fuga se fechavam. Ele trabalhou com organizações humanitárias para tentar conseguir ajuda para muitos dos campos, antes que se soubesse sobre o genocídio em massa.
Uma ênfase especial foi dada aos judeus nos Países Bálticos e na União Soviética, de onde milhões fugiam em busca de segurança. Estes refugiados não tinham alimentos, um local para viver ou para onde fugir. O governo russo os mandava executar ou deportar para a Sibéria, onde milhões estavam desaparecendo. O Rebe enviava secretamente pacotes de alimentos e itens religiosos para estes judeus através de operações subterrâneas, enquanto fazia campanhas oficiais juntamente com outros rabinos proeminentes e organizações judaicas para receber permissão oficial e acesso à União Soviética durante o tempo de duração da Guerra.
O Rebe respondeu a muitos pedidos de campos de refugiados judeus durante a Guerra, enviando-lhes artigos religiosos vitais, bem como representantes para encorajá-los a não desistir, dizendo que haveria um futuro para a nação judaica.
A década que se passara entre a primeira e a segunda visitas do Rebe aos estados Unidos tinha deixado cicatrizes em sua saúde. Porém, embora ele estivesse minado pelo sofrimento e martírio, Rabi Schneersohn devotou-se à nova missão de transformar os Estados Unidos num centro vibrante de estudo de Torá.
O Seminário Talmúdico Central “Tomchei Temimim Lubavitch” logo foi fundado, e tornou-se o precursor de muitos seminários e escolas em todos os Estados Unidos. O Rebe continuou seus esforços em prol de seus irmãos afligidos pela guerra do além-mar, e ao mesmo tempo concentrou-se na sua intenção de provocar um renascimento religioso nos Estados Unidos.
Após uma breve estadia em Nova York, o Rebe transferiu a sede para o Brooklyn. A primeira edição da revista mensal Hakriah Vehakdusha fez sua aparição como órgão oficial da Agudat Chassidei Chabad Mundial e continuou durante toda a Guerra.
Durante os dez anos de sua vida nos Estados Unidos, a influência e as realizações de Rabi Yossef Yitschac Schneersohn no fortalecimento do Judaísmo, na melhoria da educação judaica, e na criação de instituições de estudos judaicos foram tão notáveis, que o Judaísmo e o estudo de Torá nos Estados Unidos, e posteriormente em outros países, assumiram uma feição totalmente diferente.
Além do estabelecimento das yeshivot Tomchei Temimim Lubavitch nos Estados Unidos e Canadá, o Rebe fundou Machne Israel, Merkot L’Inyonei Chinuch, Beth Rivkah e Beth Sarah, escolas para meninas, e a Editora Kehot, dedicada à publicação de livros no verdadeiro espírito e tradição de Torá.
Foram criados também os grupos Mesibot Shabat para meninos e meninas, para tornar crianças e adolescentes judeus conscientes de seu grande legado espiritual. Encontrar-se todo Shabat numa atmosfera agradável, ser liderados por uma pessoa na mesma faixa etária e de seu próprio bairro, imbui estas crianças com os fundamentos da religião judaica, da santidade do Shabat e de outros preceitos.
Ao final da Guerra em 5705 (1945), Rabi Yossef Y. Schneersohn estabeleceu sua Organização para Ajuda e Reabilitação a Refugiados, Ezras Oleitim Vesidurom, com um escritório regional em Paris. Muitos refugiados foram ajudados por este escritório a emigrar para Israel. Em 5708 (1948), o Rebe estabeleceu a aldeia Chabad (Kfar Chabad) perto de Tel Aviv.
Pouco antes de sua morte, Rabi Yossef Y. Schneersohn voltou sua atenção às necessidades do Judaísmo na África do Norte. Foi lançado o alicerce para uma rede de instituições educacionais, incluindo seminários, escolas primárias para meninos e meninas, das quais todas continuaram a prosperar sob o nome “Oholei Yossef Yitschac Lubavitch”.
Uma rede semelhante de instituições foi estabelecida em Israel, e escolas de tempo integral em Melbourne, Austrália.
Muitos líderes comunitários e trabalhadores judeus se inspiraram com o sucesso da obra de Rabi Yossef Y. Schneersohn e redobraram seus próprios esforços. Novas organizações e instituições brotaram no campo da educação judaica e observância do Shabat, e sua influência está se fazendo sentir cada vez mais. Pode-se dizer, sem sombra de dúvida, que este homem notável foi um dos pilares do Judaísmo mundial em nossa geração.
Rabi Yossef Y. Schneersohn faleceu no Shabat 10 de Shevat de 5710 (1950), após trinta anos de esforços infatigáveis como líder de Chabad e dos judeus de todo o mundo.
A notícia de sua morte entristeceu judeus em todos os países, que prantearam com uma sensação de perda pessoal o falecimento de um líder tão inspirador, iminente e devotado. No entanto, eles encontraram consolo ao saber que seu espírito vive na corrente inquebrável de liderança Chabad; e que as instituições que ele fundou continuam a florescer e se expandir sob a liderança de seu sucessor, o atual Rebe e líder do Movimento Chabad, Rabi Menachem Mendel Schneerson, de abençoada memória.
Genealogia
O Rebe Anterior - Yossef Yitschac
5640 (1880): Nascimento do Rebe, a 12 de Tamuz.
5655 (1895): Inicia sua obra comunitária como secretário particular de seu pai, e participa da conferência de líderes comunitários em Kovno.
5656 (1896): Participa da reunião de Vilna.
5657 (1897): A 13 de Elul, desposa a Rebetzin Nechama Dina, filha de R. Avraham.
5658 (1898): Designado líder da Yeshivat Tomchei T'mimim.
5661 (1901): Para iniciar as fundações para estabelecer a fábrica de Dubrovna, viaja a Vilna, Brisk, Lodz e Koenigsberg.
5662 (1902): Viaja a Petersburgo para tratar de assuntos comunais.
5665 (1905): Participa na organização de um fundo para fornecer as necessidades de Pêssach para as tropas no extremo Oriente.
5666 (1906): Viaja à Alemanha e Holanda, e lá persuade banqueiros a usarem sua influência para impedir os pogroms.
5668 (1908): Participa na organização da Conferência de Vilna.
5669 (1909): Vai à Alemanha para conferenciar com líderes comunitários.
5670 (1910): Ocupa-se em preparar o encontro de Rabinos. Entre 5662 e 5671 (1902 e 1911), é preso quatro vezes em diferentes ocasiões, em Moscou e Petersburgo, devido às suas atividades.
5677 (1917): Ajuda a organizar a Conferência de Rabinos em Moscou.
5678 (1918): Participa na organização do Encontro de Kharkov.
5680 (1920): Aceita o cargo de Rebe,
5681 (1921): Cria programas de atividades comunitárias para reforçar o judaísmo na Rússia; estabelece a Yeshivat Tomchei T'mimim em Varsóvia.
5684 (1924): Forçado pela Cheka (Polícia Secreta) a deixar Rostov, por calúnias feitas pela Yevsektzi (Seção hebraica do Partido Comunista). Estabelece-se em Petersburgo e trabalha para fortalecer a Torá e o judaísmo através de atividades envolvendo Rabinos, escolas de Torá para crianças, Yeshivot, shochtim, professores formados para ensinar Torá e a abertura de mikva'ot; forma um comitê especial para auxiliar trabalhadores manuais a cumprir o Shabat; estabelece Agudat Chabad nos Estados Unidos e Canadá.
5687 (1927): Cria yeshivot em Bukhara. A 15 de Sivan é preso e mantido na prisão de Shpalerno. A 4 de Tamuz, é exilado para Kostrama. A 12 de Tamuz é informado de sua liberdade; no próximo dia é realmente libertado e por ordens do Governo muda-se para Malachovka, perto de Moscou. No dia seguinte a Sucot, 5688 (1927), deixa a Rússia, indo para Riga, Latvia, e lá funda uma yeshivá.
5688-9 (1928-9): Cria com sucesso campanhas para enviar matsot à Rússia.
5689-90 (1929-30): Visita Erets Yisrael e os Estados Unidos.
5694 (1934): Transfere-se para Varsóvia; estabelece associação de t'mimim; cria filiais da Yeshivat Tomchei T'mimim em várias cidades afastadas na Polônia.
5695 (1935): Inicia a publicação do periódico Hatamim.
5696 (1936): Transfere a Yeshivá Tomchei T'mimim e sua residência de Varsóvia para a cidade de Otwock.
5699 (1939): Cria Agudat-Chabad no mundo todo.
5700 (1940): A 9 de Adar II, chega a New York e estabelece-se no Brooklyn; devota-se com sucesso a resgatar seus pupilos; funda a Yeshivat Central Tomchei T'mimim.
5701 (1941): Inicia a publicação do jornal Hak'ria V'hak'dusha; funda a Machne Israel.
5702 (1942): Funda Yeshivat Tomchei T'mimim com escolas preparatórias em Montreal, Canadá; estabelece Merkos L'inyonei Chinuch; funda Yeshivat Achei T'mimim em Newark, Worcester e Pittsburgh; estabelece a Sociedade Editora Kehot de Lubavitch.
5703 (1943): Cria a Biblioteca Otzar Hachassidim de Lubavitch.
5704 (1944): Estabelece um grupo Nichoach para compilar e publicar melodias de Chabad; inicia a publicação do jornal Kovetz Lubavitch; cria a Sociedade para Visitação aos Doentes (Bikur Cholim).
5705 (1945): Abre um escritório para refugiados, com uma filial em Paris; estabelece a Sociedade Eidenu para estudos avançados do Talmud, e Shaloh (instrução religiosa para alunos de escolas públicas); inicia esforços para melhorar a situação espiritual de fazendeiros judeus e outros em comunidades rurais na América.
5708 (1948): Funda a aldeia Chabad em Safaria, perto de Tel Aviv, para refugiados da Rússia.
5709 (1949): Apressa a organização de uma comissão para a educação dos filhos de olim para Erets Israel abrigados em maabarot (campos transitórios) e tem sucesso.
5710 (1950): Algumas semanas antes de seu falecimento lança as fundações e o programa para a obra educacional e o fortalecimento da Torá no norte da África. Como resultado, foram criados um seminário para professores, uma Yeshivá, uma Yeshivá júnior, um Talmud Torá para meninos e outro para meninas, todos sob a denominação geral de "Oholei Yosef Yitschac – Lubavitch." No Shabat Parashat Bo, a 10 de Shevat de 5710 (1950) às oito da manhã, faleceu e foi enterrado em New York.
Faça um Comentário