O palácio real em Shushan fervilhava de atividade, o ar repleto de alvoroço. O rei Achashverosh havia acabado de ordenar um banquete inigualável em beleza e preço. Centenas de criados esfalfavam-se de lá para cá, ansiosos para obedecer as ordens do rei.

Lá fora, os jardins encantadores floresciam em mil perfumes, enquanto eram preparados para receber os numerosos hóspedes que viriam de todo o reino. Pashda, um artesão habilidoso, cuidadosamente pendurava tecidos finos e coloridos. Lentamente, prendia as delicadas fazendas brancas, azuis e verdes às majestosas colunas de mármore, usando cordões de linho e lã púrpura.

Chamando da escada, Pashda tentava atrair a atenção do ajudante, Razmir. Porém, em vez de assisti-lo, Razmir observava os outros serventes que colocavam divãs de ouro e prata em fileiras ao longo do piso de mármore colorido.

"Psiu, Razmir! Passe-me outro pedaço de cordão, está bem?"

"Perdoe-me, Pashda" – disse Razmir, em tom de desculpa. "É que tantas coisas estão acontecendo aqui. Distraí-me, observando todo este movimento."

Pashda meneou a cabeça. "Não havia tal rebuliço por aqui desde a coroação do rei Achashverosh" – disse ele.

Razmir bem se lembrava daquela ocasião. O rei havia sido coroado numa cerimônia esplêndida, que ostentava beleza e fausto. O rei parecia quase desesperado para ser aceito como imperador da Pérsia e Medéa, governante de 127 países ao redor do mundo. Razmir refletia…

"Você sabia?" – zombou Pashda, enquanto prendia outro tecido. Abaixando a voz, sussurrou: "O rei Achashverosh é na verdade um plebeu. Não há nenhum sangue azul correndo em suas veias. Lutou para conquistar o trono e controlar os tesouros reais. Apenas casou-se com Vashti, descendente de reis, para fortalecer seu direito ao trono persa."

"Mas Vashti é da Babilônia" – disse Razmir. "Como veio para a Pérsia?"

"As origens de Vashti e aqueles imensos tesouros estão relacionados. Na verdade, toda essa agitação de hoje no palácio é parte da mesma história" – explicou Pashda com ar superior.
O pobre Razmir era apenas um servente, e os segredos do palácio real estavam além de seu conhecimento. Sua curiosidade fora aguçada, e implorou ao bem informado Pashda que lhe contasse mais detalhes.

"É uma longa história e temos muito trabalho a fazer" – replicou Pashda com um sorriso dissimulado. "Mas se você conseguir-me uma amostra dos quitutes sendo preparados na cozinha, contarei mais na hora do almoço."

Razmir assentiu obedientemente, ansioso por ouvir o restante da história. Neste ínterim, outros preparativos estavam sendo providenciados. Mesas com esculturas e decorações luxuosas estavam sendo postas com utensílios de bom gosto. Acima do clangor vindo das baixelas repletas, Razmir podia escutar as conversas dos garçons.

"Olhe para todas essas taças de ouro! Não conseguiremos terminar de arrumar todas antes do Juízo Final! É necessário colocar tantas?"

"Bem, você sabe que o rei Achashverosh ordenou que um copo não seja usado duas vezes, então devemos preparar um suprimento bem grande."

"Que desperdício! Adivinhe só quem vai lavar toda a louça…"

"Na verdade, ouvi dizer que o rei permitirá que cada convidado guarde o copo em que beber; e a cada vez que for servido, receberá um novo!"

"É verdade? Bem, tanto melhor para nós. É uma pena que não lhes dê os pratos também! Veja, haverá milhares de pratos e travessas aqui, e temos que colocar jogos individuais! Se pudéssemos empilhar tudo, como sempre fazemos, seria bem mais fácil."

"O rei Achashverosh deseja que todos os hóspedes sintam-se tão confortáveis quanto possível. Com jogos individuais, cada pessoa pode comer a seu bel-prazer – sem precisar empurrar, abrir caminho ou engalfinhar-se pelo próximo prato."

"Olhe, onde estão aqueles copos enormes que são sempre colocados em banquetes reais? Sabe, aqueles que são enchidos de vinho e que cada convidado é forçado a esvaziar."

"Você não soube? O rei ordenou que este costume não seja mantido nesse festim. Nesse banquete, cada convidado pode beber muito ou pouco, como desejar."

"Que alívio! Odeio ver aquelas pobres pessoas inocentes passando mal por causa de nossa ‘generosa’ rotina de bebida."

Houve uma pausa na conversa enquanto os garçons se esgueiravam pelas fileiras de mesas, destramente balançando pilhas de travessas em enormes bandejas.

De repente, o ruído de engradados chocalhando causou um rebuliço no pátio. Todos se voltaram para ver o que estava sendo trazido com tanto cuidado. Os engradados foram abertos com extremo cuidado pelo próprio chefe dos garçons.

"Ah!!"

"Oh!!"

"Puxa"

"Olhe para esses belos utensílios!"

"Até mesmo as mais finas travessas reais empalidecem em comparação."

"De onde vêm?"

Olhos zombeteiros voltaram-se na direção do ignorante que perguntara. O pobre Razmir achou-se rodeado por rostos sarcásticos.

"Idiota! Não sabe que estas peças vêm do Templo dos judeus em Jerusalém?"

O rosto de Razmir ficou escarlate de vergonha. "Como puderam estes objetos maravilhosos sequer chegarem aqui?" – pensou. Não ousando exibir mais de sua ignorância, decidiu perguntar a Pashda, e correu de volta para suas tarefas.

Após o que pareciam horas, um supervisor oficial anunciou o tão esperado descanso para almoço. Razmir manteve a promessa a Pashda e, enquanto os dois relaxavam, mastigando ruidosamente os quitutes roubados, Pashda continuou sua história.

"Quando o poderoso rei da Babilônia, Nevuchadnêtsar (Nabucodonosor), conquistou Jerusalém, destruiu o Templo e saqueou os tesouros. Os vasos sagrados e utensílios de ouro foram trazidos para a Babilônia e guardados nos cofres reais.

"Agora que o povo judeu fora exilado, seu Templo destruído e sua terra esvaziada, eles não mais representam imediata ameaça ao rei da Babilônia. Havia, porém, algo que pairava como uma nuvem escura sobre a cabeça de Nevuchadnêtsar. Embora desejasse considerar o povo de Israel condenado para sempre, as palavras do profeta Yirmiyáhu (Jeremias) ecoavam em seus ouvidos: "Pois assim diz D’us: ‘Após se completarem setenta anos, considerarei e manterei Minha boa promessa de trazê-los de volta a este lugar.’

"Nenhum rei babilônico poderia estar a salvo até que setenta anos se passassem com a promessa permanecendo não cumprida. Assim que este prazo se esgotasse, poder-se-ia assumir que D’us se esquecera do povo judeu e não iria vingar a destruição do Templo."

Razmir ouviu com muita atenção, embora não pudesse evitar pensar o que tudo isso tinha a ver com a festa. Pashda continuou;
"Nevuchadnêtsar morreu e os tesouros de Jerusalém foram guardados pelos reis da Babilônia que o sucederam. Passaram-se os anos e Belshatsar assumiu o trono da Babilônia. No terceiro ano de seu governo, seus conselheiros calcularam que os setenta anos de exílio haviam terminado. Pelos seus cálculos, não havia sinal algum do retorno dos judeus à sua Terra natal.

"Belshatsar ficou radiante e promoveu um grande banquete. Ordenou que os utensílios do Templo fossem usados para a festa como sinal de sua completa vitória sobre os judeus e seu D’us.
"De repente, em meio à ruidosa farra e bebedeira extravagante, algo apareceu escrito na parede do salão. As palavras eram aramaicas, escritas em letras hebraicas: ihxrpu ke, tbn tbn (menê menê tekel ufarsin), i.e., medido, medido, pesado e dividido. "Belshatsar entrou em pânico. Queria desesperadamente entender as palavras, mas não conseguia lê-las. Finalmente mandou chamar Daniel, um sábio judeu e ministro da corte, que disse ao rei o significado das palavras. O reino de Belshatsar estava condenado e seria conquistado por seus piores inimigos, os persas. Estava sendo punido por fazer uso pessoal dos recipientes do Templo Sagrado.

"Quando Belshatsar ouviu a interpretação de Daniel, ficou muito assustado. E se Côresh (Ciro) e Daryávesh (Dario), os reis da Pérsia, mandassem assassinos para matá-lo durante o sono? Por esse motivo emitiu um decreto, ordenando que qualquer um que tentasse entrar no palácio seria morto – mesmo se afirmasse ser o rei em pessoa!

"Naqueles dias, não havia banheiros no palácio. Até mesmo o rei usava as instalações externas. Aquela noite, o rei levantou-se. Os guardas não o viram sair; assim, quando tentou reentrar no palácio, impediram-no. Arrogantemente anunciou ser o rei; porém, estava escuro, e o escravo não prestou atenção a seus protestos. Sem hesitação, prontamente decapitou Belshatsar. Ninguém culpou o escravo pelo que havia feito; apenas tinha seguido as ordens do rei.

"Esperando ser recompensado, o escravo dirigiu-se a Dario e Ciro, informando-os que Belshatsar tinha morrido. Os persas irromperam no palácio real e ordenaram que cada membro da família de Belshatsar fosse morto.

"A jovem filha de Belshatsar, Vashti, estivera profundamente adormecida até ser acordada pelo tumulto. Vendo pessoas matando-se umas às outras e não sabendo o que fazer, correu ao quarto de Belshatsar, atirando-se aos pés de Dario, pensando que fosse seu pai. Quando Dario viu a jovem frenética a seus pés, apiedou-se dela e poupou sua vida. Ela foi levada à Pérsia como cativa, mas tratada com respeito por causa de sua ascendência real.

"Bem, quando Dario descobriu que Belshatsar havia sido morto como resultado de suas próprias ordens, percebeu que a morte fora claramente um ato de D’us. Entendeu que Belshatsar fora morto por causa de seu desrespeito ao Templo e pelo uso de seus utensílios. Dario prometeu, então, que assim que se sentasse no trono da Babilônia ordenaria que o Templo fosse reconstruído e os vasos sagrados devolvidos.

"Ocupado com a administração de um novo reino, porém, Dario esqueceu sua promessa até ser dela lembrado por Zerubavel, um líder judeu. Dario nomeou seu genro, Ciro, rei da Babilônia e Medéa ainda durante sua vida, instruindo-o a providenciar para que o Templo fosse reconstruído imedia-tamente.

"Ciro cumpriu as ordens do sogro. Os judeus começaram a erigir as fundações do Templo, e o próprio Ciro pagava o salário dos operários. Porém, dois anos e meio depois, Ciro morreu.
"Achashverosh, um plebeu, embora poderoso, lutou e subornou para abrir seu caminho ao trono. Porque queria fortalecer sua posição, desposou Vashti, que era de família real, e reforçou as leis com mão de ferro. Em todos os 127 países, seus súditos tinham que curvar-se à sua força e autoridade."

Pashda fez uma pausa e relanceou os olhos pelo enorme relógio de sol no centro do jardim. A folga para almoço estava quase terminando, e precisavam voltar ao trabalho. Limpou as migalhas das roupas e levantou-se.

"Oh, por favor! Termine a história. Ainda não sei qual é o motivo dessa festa!" – gritou Razmir.

"Descubra por si mesmo!" – replicou Pashda com afetação. Razmir olhou-o, perplexo.

"É tão óbvio!" – explicou Pashda num tom simpático a seu ajudante agastado. "Lembra-se da promessa dos setenta anos? O rei Achashverosh está muito preocupado pela fraqueza de sua posição. Acredita que Belshatsar tenha errado no cálculo dos setenta anos, e por isso tenha encontrado um fim tão infeliz. No entanto, de acordo com seus próprios cálculos, os setenta anos terminaram. Como os judeus não foram redimidos, a ameaça ao reino da Babilônia, que agora é o império persa de Achashverosh, foi finalmente afastada.

"O governo de Achashverosh está seguro agora. A festa é para celebrar esta vitória. Porém, como é plebeu, quer convencer o povo que é verdadeiramente digno de seu trono. Precisa impressio-nar a todos com sua grande riqueza. Esta é a razão por trás deste banquete magnífico. Usar estes utensílios do Templo demonstrará que está livre da ameaça da maldição dos setenta anos."
Razmir assentiu. Tudo fazia sentido agora. Os dois se levantaram para continuar o trabalho.
Entretanto, ainda havia algumas dúvidas na mente de Razmir. Será que os judeus haviam terminado de construir seu Templo? Se haviam, por que os utensílios nunca foram devolvidos? Os setenta anos realmente haviam passado?

Quando perguntou ao amigo, Pashda deu de ombros. "Na verdade, não sei o que aconteceu. Tudo que posso dizer é que os utensílios aqui estão, e ainda há muitos judeus vivendo espalhados pelo reino. Talvez após a morte de Ciro, não tenham tido dinheiro suficiente para continuar a reconstrução do Templo e o trabalho tenha parado."

Pashda não sabia o último capítulo dessa história. A reconstrução do Templo havia, de fato, parado, mas não por falta de fundos. Quando Achashverosh assumira o trono, foi abordado por uma comissão de três homens; Sanbalat, Tobia e Shimshi, o escriba, um dos filhos de Haman. Presentea-ram-no com uma requisição assinada, a respeito do Templo judeu.

"Se os judeus forem autorizados a reconstruir as muralhas de Jerusalém" – dizia a carta – "uma grande rebelião acontecerá. Sua Majestade sabe como as muralhas eram inquebráveis.
Nevuchadnêtsar somente conseguiu conquistar a cidade após um grande cerco; quando a tomou, mandou destruir as muralhas e exilou os habitantes. Somente então, ele e seu exército puderam sentir-se a salvo.

"Majestade, não deve permitir que os judeus reconstruam a cidade. Se o fizerem, irão rebelar-se e recusar-se a pagar taxas e tributos. Somos seus súditos leais e estamos preocupados com o bem do reino. Não queremos que o rei sofra qualquer perda. Por isso, aconselhamos que a permissão para a reconstrução do Templo, anteriormente assegurada por Ciro, seja revogada."

A carta havia sido enviada a mando de ninguém mais que Haman, o Agaguita, conselheiro do rei, que se apresentou pessoalmente perante Achashverosh e explicou como a construção do Templo causaria grande dano ao monarca.

O argumento de Haman estava de acordo com sua cruel linhagem. Agag, ancestral de Haman, foi o último rei de Amalek, a nação que atacara o povo judeu durante sua viagem através do deserto. Ao longo da história, eles haviam sempre sido o inimigo mor de Israel. Leal às tradições de sua tribo, Haman tentou fazer de tudo a seu alcance para convencer Achashverosh a não autorizar que os judeus reconstruíssem o Templo.

Haman não era o único a pressionar o rei. A Rainha Vashti ia pelo mesmo caminho. Fervendo de ódio, exclamou: "Este Templo foi destruído por meus pais, Nevuchadnêtsar e Belshatsar. Não descansaram até que o viram em ruínas. E você vai permitir aos judeus que o reconstruam!" Achashverosh não gostava muito dos judeus. As palavras de sua mulher e a carta de Haman convenceram-no. Ordenou que o trabalho no Templo parasse.

Não é de se admirar que os judeus não estivessem contentes com o reinado de Achashverosh. Foram eles que haviam apelidado o rei de "Achashverosh". Seu verdadeiro nome era Artaxerxes, o título dado a muitos governantes persas, assim como o nome ‘Faraó’ era dado aos reis do Egito. Achashverosh é um trocadilho com as palavras "chash" e "rosh", significando "dor de cabeça" (em hebraico). Seu reinado cruel e mudanças de humor causaram dor de cabeça e sofrimento a muitos judeus.

Achashverosh agora oferecia uma festa imensa para celebrar seu recém-adquirido poder do trono. Haman convencera-o a fazer da festa algo inesquecível.

"Embora o tempo para a redenção de Israel tenha passado" – Haman disse maliciosamente ao rei – "na verdade não há nenhuma garantia que a promessa de seu D’us esteja definitivamente quebrada. Não é seu D’us que está impedindo a redenção, mas os próprios judeus." Achashverosh fitou Haman, intrigado. O que queria dizer?

"Veja, Majestade, a história dos judeus não tem segredos. Todos sabem que enquanto eles obedecerem aos mandamentos de D’us, viverão bem. Entretanto, quando não obedecem Suas leis, são subjugados por outras nações e governantes" – explicou Haman.

O rei estava começando a entender. Se os judeus se arrependessem, seriam redimidos. Entretanto, se pudessem ser levados a pecar novamente, nunca ficariam livres do exílio.
"Ah, compreendo" – disse o rei, entusiasticamente. "Pretendo forçá-los a participar da minha festa, a beber meus vinhos e comer de minha comida."

Haman esfregou as mãos, contente. Era uma ocasião perfeita para fazer uma armadilha para os judeus e condená-los para sempre ao exílio.

Assim, Achashverosh planejou a festa. Desejava aproveitar esta oportunidade para exibir sua grande riqueza e impressionar os súditos com seu poder. Convidou governadores de todo seu império para que viessem com suas esposas, filhos e criadagem. Também convidou todos os oficiais de seus vastos exércitos. Precisava deles para conquistar e controlar as províncias; por isso, queria assegurar-se de seu apoio e lealdade.

Como o império era muito extenso, a festa duraria por 180 dias, de forma a permitir que mesmo os convidados vindos de terras distantes pudessem participar. A festa começou no mês de Nissan (abril) quando os dias se tornam mais longos. Haveria suficiente luz do dia, durante o qual as pessoas poderiam admirar a riqueza do rei. Os longos dias de verão seriam repletos de festividades e celebração. A cada dia da festa, Achashverosh apareceria ostentando as vestimentas do Cohen Gadol (Sumo Sacerdote), mantidas nos cofres reais com os sagrados utensílios do Templo.

Os tesouros em exibição eram trocados a cada dia da festa, e nada seria exposto mais que uma única vez. O cardápio para cada dia do banquete também seria variado; o mesmo prato nunca seria servido duas vezes. Continuar dessa maneira durante 180 dias exigia recursos infindáveis, os quais Achashverosh estava ansioso para mostrar que possuía.

As pessoas vinham de longe e de perto. Multidões de hóspedes misturavam-se nos domínios luxuosos do palácio, bajulando o rei com os elogios mais extravagantes. Achashverosh estava encantado ao ver que todos pareciam tão assombrosamente impressionados.

Todos, quer dizer, todos exceto os judeus. Quando a notícia do convite feito pelo rei chegou ao povo, os líderes judeus convocaram uma reunião urgente para discutir o assunto.

"Como ousaremos recusar o convite?"

"Se o fizermos, seremos considerados rebeldes e poremos nossa vida em perigo."

"Seria possível irmos, e mesmo assim evitar a comida não-casher?"

Ansiosos e angustiados, os líderes judeus olharam para Mordechai, seu Rabi mais proeminente, em busca de orientação. "Nenhum judeu deve participar!" – proclamou ele, vigorosamente.

Os líderes judeus rapidamente decidiram deixar a cidade de Shushan pelo período de 180 dias de duração da festa.

Quando o rei percebeu sua ausência, ficou furioso e jurou fazê-los participar da sua celebração. Sentiu também que ainda havia algo necessário a se fazer para unir o povo que governava. O banquete de 180 dias seria suficiente para o povo de todo seu império. Entretanto, algo de especial tinha de ser feito para assegurar a lealdade dos súditos locais. Com esses dois propósitos em mente, Achashverosh planejou uma festa especial com duração de sete dias que se seguiria ao banquete prévio, apenas para os cidadãos de sua capital, Shushan.

"Os judeus não conseguirão se safar desta vez" – disse Achashverosh, cerrando os dentes ao decidir forçá-los a comparecer a esta segunda série de festejos. Usando a ameaça de penalidades, forçou os judeus a retornarem a Shushan e assistirem a este segundo banquete de sete dias, começando em 3 de Tishrei e terminando em Yom Kipur.

Embora Mordechai houvesse ordenado que os judeus não deviam comer na festa, acharam difícil de recusar. Como pode uma pessoa sentar-se à mesa de um rei e não comer?

Tornou-se claro que o plano de Haman estava funcionando e que os judeus haviam de fato se esquecido da promessa de D’us.